Palcos da semana: IndieLisboa, Tanto Mar e um Imaginarius de liberdade

Os próximos dias também trazem concertos de Shabazz Palaces e um espectáculo triplo da Companhia Nacional de Bailado.

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Rozéo, um bailado aéreo a avistar no 23.º Imaginarius Joan Gouverne
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O regresso de Shabazz Palaces é motivado por Exotic Birds of Prey Stephan Gray
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All of Us Strangers, um dos filmes em exibição no 21.º IndieLisboa DR
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A Companhia Nacional de Bailado estreia Shechter/Wellenkamp/Naharin Bruno Simão
Teatro Por Que Não?
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Não Há Mar, do brasileiro Teatro Por Que Não?, no festival Tanto Mar DR
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A liberdade está na rua

Um totem de contentores acolhe movimentos sobre privações e travessias, projectados pela Générik Vapeur. No Blu Infinito do Evolution Dance Theatre, há mergulhos livres em raios luminosos e desafios à gravidade. No céu avista-se a suspensão oscilante de Rozéo, bailado aéreo do Gratte Ciel.

The Black Blues Brothers Show faz acrobacias com fogo, blues e mensagem de união. O Vaivén Circo propõe uma homenagem à gente Anónima. Até se dá ordem para colorir fora das linhas com a companhia Grensgeval em Plock!, teatro físico inspirado em Pollock.

Estas são algumas das manifestações da Liberdade que dá o tom à 23.ª edição do Imaginarius e que reafirma, segundo a organização, o carácter “ousado, provocatório e transformador” do festival feirense de teatro de rua (e de performance, clown, novo circo, música, dança…). Há muitas outras a descobrir por toda a cidade. Por estes dias, é ocupada por 190 artistas de uma dúzia de países, em 41 espectáculos que, feitas as contas, resultam em 144 sessões.

Tão espacial como Shabazz Palaces

Shabazz Palaces, o projecto norte-americano liderado por Ishmael Butler que se deu a conhecer em 2011, em intensa colaboração com Tendai Maraire, com as celebradas explorações sonoras de Black Up – auspícios que se confirmaram no sucessor Lese Majesty (2014) e nos quatro discos seguintes – acaba de voltar aos escaparates.

O novo sopro do seu hip-hop experimental, a atirar para vastidões cósmico-jazzísticas e afrofuturistas, está encapsulado nas sete faixas de Exotic Birds of Prey. É ele o pretexto para o regresso a Portugal para dois concertos.

Da Primavera ao sonho

Na abertura, o ambiente pós-Primavera de Praga registado em I’m Not Everything I Want to Be, de Klára Tasovská. No encerramento, o Dream Scenario surreal de Kristoffer Borgli com Nicolas Cage. São dois dos mais de 170 filmes alinhados para o IndieLisboa, entre eles um número-recorde de obras em competição nacional: oito longas e 18 curtas.

Atenção também a All of Us Strangers, romance queer de Andrew Haigh com lastro de apreciação internacional, e No Other Land, o documentário de um colectivo israelo-palestiniano que arrecadou prémios (e polémica) na última Berlinale.

Esta 21.ª edição também vê Justine Lemahieu documentar o encontro com Lila Fadista e João Caçador (As Fado Bicha), lembra o Nick Cave dos primórdios e recorda 25 Canções de Abril entoadas em 1977 e captadas por Luís Gaspar.

Também exibe uma retrospectiva de homenagem às Campanhas de Dinamização Cultural e Acção Cívica do Movimento das Forças Armadas e outra dedicada ao realizador palestiniano Kamal Aljafari, além de inaugurar a secção Rizoma, fazer sessões na piscina e, entre outras ofertas, escolher filmes para juniores e suas famílias.

Três (grandes) em um

A Companhia Nacional de Bailado prepara-se para estrear Shechter/Wellenkamp/Naharin, um espectáculo habitado por “três nomes maiores da dança contemporânea”, naquele que é o último programa da temporada.

Para começar, dança Uprising, do israelita Hofesh Shechter – uma novidade no repertório do grupo –, em que “sete homens emergem das sombras para encher o palco com uma energia furiosa, criando laços e lutando, fazendo as pazes e desentendendo-se novamente”. Depois, vem a Sinfonia dos Salmos na (re)visão do veterano Vasco Wellenkamp, antigo director artístico da companhia, que agora o convida a regressar a esse espectáculo que criou, em 1992, para o extinto Ballet Gulbenkian. Por fim, vem Minus 16, de Ohad Naharin, obra com “uma partitura musical marcadamente ecléctica” que nasce de criações anteriores do coreógrafo israelita.

Tanto Mar de lusofonia

Por acção da Folha de Medronho, associação louletana de artes performativas, a cidade algarvia torna a virar-se para Tanto Mar, um festival que “não pretende ser apenas uma mostra de criação artística, mas também uma ágora de reflexão política e social” proporcionada por encontros “com artistas e grupos portugueses, brasileiros e africanos”.

A prata da casa é representada pelas Lendias d’Encantar e suas personagens No Limite da Dor de estar às mãos da polícia política do Estado Novo. De São Tomé e Príncipe vem a Ilha dos Sem Terra, pela RaizArte, acerca de pertença e identidade. O brasileiro Teatro Por Que Não?, de Rio Grande do Sul, vem mostrar por que Não Há Mar, numa reflexão a dois sobre isolamento, confinamento e “a depressão e a angústia de se pertencer a um mundo doente”.

A música também entra, com a moçambicana Lenna Bahule a fazer eco de Kumlango e a aproveitar a visita para orientar o workshop Batucorpo - Fazer música com o corpo e a alma. Nesta quinta edição cabem ainda Tantas Conversas (com moderação do guineense Miguel de Barros), o lançamento do livro 5 Anos de Marés e a projecção do documentário Colosso.

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