Presidente da Geórgia veta lei polémica sobre agentes estrangeiros

Lei volta ao Parlamento, que pode reconfirmá-la. Estão previstos novos protestos nas ruas da capital.

Foto
Presidente georgiana diz que a lei viola a Constituição e todas as normas europeias GEORGIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE / HANDOUT / EPA
Ouça este artigo
00:00
02:21

Exclusivo Gostaria de Ouvir? Assine já

A Presidente da Geórgia vetou este sábado a polémica lei sobre agentes estrangeiros aprovada pelo Parlamento, afirmando que a mesma obstrui o processo de integração europeia, e exigiu a sua imediata revogação. "Hoje vetei a lei russa. No seu conteúdo e espírito, é russa e contradiz a nossa Constituição e todas as normas europeias. Obstrui o nosso caminho para a Europa", afirmou Salome Zurabishvili, durante um discurso transmitido pela televisão.

Zurabishvili disse que o veto será enviado ainda este sábado ao Parlamento, que aprovou esta semana a lei, que os seus detractores comparam à lei utilizada pelo Kremlin para perseguir e silenciar os dissidentes. "A lei não pode ser objecto de qualquer alteração ou melhoramento. Tem de ser revogada", afirmou.

O Parlamento deve agora debater e votar o veto presidencial, que pode ser rejeitado por uma maioria simples de deputados, ou seja, 76 dos 150 lugares do hemiciclo.

O partido no poder, o Sonho Georgiano Geórgia Democrática, autor da lei, tem actualmente 84 deputados, pelo que tem todas as hipóteses de rejeitar o veto e devolver a lei à Presidente para promulgação. Em caso de recusa, o documento pode ser assinado pelo presidente do Parlamento e entrar em vigor.

A chamada "Lei da Transparência da Influência Estrangeira" provocou protestos em massa em Tbilissi nas últimas semanas, uma vez que a oposição considera que abre caminho à perseguição dos partidos políticos e das organizações não-governamentais que criticam o Governo.

O líder da oposição georgiana, Leván Jabeishvili, garantiu à agência de notícias Efe que as manifestações antigovernamentais vão continuar, pois não se trata de "protestos partidários", mas sim de uma "iniciativa popular" liderada por jovens georgianos que querem fazer parte da comunidade europeia. "O Ocidente quer ver a Geórgia como seu parceiro do mar Negro. Mas o Kremlin envia, através de Bidzina Ivanishvili, o líder do Sonho Georgiano, a mensagem de que a Rússia tem o monopólio de toda a região e de que não existe alternativa à Rússia nesta região", afirmou.

Zurabishvili reuniu-se esta semana na Geórgia com os chefes das missões diplomáticas da Islândia, Letónia, Lituânia e Estónia, que se juntaram a uma das manifestações da oposição na qualidade de representantes da União Europeia, que advertiu que uma lei deste tipo afasta Tbilissi da UE. Os Estados Unidos também se opuseram à aprovação da legislação, enquanto a Rússia denunciou a interferência ocidental nos assuntos internos do país.