Conhecemo-lo em Janeiro de 2020 e, como The Trash Traveler não parou — e continua no bom caminho —, aqui fica mais uma notícia da missão do "artivista", a caminhar a totalidade da linha costeira de Portugal de forma a sensibilizar para a protecção dos oceanos. Depois de ter percorrido os 1152 quilómetros da costa continental em 2020, este ano o desafio The Ocean Hike vai acontecer nas ilhas da Madeira, do Porto Santo e Desertas.
Entre os dias 17 e 19 de Maio, o alemão Andreas Noe não vai apenas caminhar e apanhar lixo. Há muito que a sua acção é ampliada graças à participação activa de ONG, escolas, instituições, cientistas e pessoas curiosas que se juntam à sua missão. "Através da poluição visível do lixo, falar-se-á sobre os problemas invisíveis do oceano, como a mineração em mar profundo", escreve The Trash Traveler em comunicado.
Se o lixo marinho é "o problema mais visível e mais óbvio para o público em geral", o biólogo molecular parte do "acto simples" da recolha desse lixo para daí partir para a discussão sobre a conservação dos oceanos.
Em 2020, ao longo de 58 dias, munido de uma garrafa reutilizável, percorreu 1152 quilómetros, alertando para a quantidade excessiva de plástico de uso único e para a necessidade de se adoptar uma economia circular em que se reutiliza e recarrega o que já temos. A ele juntaram-se 600 pessoas e 80 organizações ambientais para remover 1,6 toneladas de plástico e, acima de tudo, sensibilizar para a problemática dos plásticos nos oceanos.
Um dos principais objectivos da The Ocean Hike passa por "apoiar o trabalho das ONG locais e nacionais no que toca à necessidade de uma moratória à mineração em mar profundo". "O Governo Regional da Madeira tem a oportunidade de ser um exemplo na comunidade internacional, ao tomar uma posição na protecção das suas águas, ao aprovar uma resolução para uma moratória sobre a mineração em mar profundo", sublinha.
"À medida que as economias mundiais procuram reduzir as emissões de carbono, têm procurado novas formas de desenvolvimento de energia limpa, o que conduz a uma maior necessidade de minerais e ao interesse pelos recursos do fundo do mar. As consequências da mineração em águas profundas não são compreendidas e há provas de que não é necessária, desejada, nem vale a pena o risco. Em vez disso, investimentos numa combinação de novas tecnologias, uma economia circular e reciclagem reduziriam a procura de minerais."
Em Portugal, recorda, o caminho para a solução já esteve mais claro. "O parlamento nacional já aprovou uma resolução que pedia uma moratória em 2023. No entanto, desde que o anterior Governo cessou funções, este processo foi interrompido e precisa de ser reforçado. Sendo as ilhas das comunidades mais influenciadas pelas decisões sobre o mar, e tendo em conta que os Açores já assumiram uma posição pró-moratória, o posicionamento da Madeira teria um grande impacto."
As assinaturas serão recolhidas durante o projecto para a seguinte petição.
Em Maio de 2023, a Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores aprovou uma resolução em que recomendava ao governo regional que aplicasse uma moratória à mineração em mar profundo em zonas marítimas sob gestão da Região Autónoma dos Açores, até 1 de Janeiro de 2050, incluindo actividades de prospecção.
A possibilidade de ter uma moratória a nível mundial contra a mineração no fundo do mar será discutida este Verão. Este mês, organizações ambientalistas, incluindo em Portugal, pediram apoio aos governos e à UE.