União Europeia pede fim “imediato” de operação em Rafah
Ataque de colonos a ajuda criticada por aliados de Israel.
A União Europeia pediu nesta quarta-feira a Israel que parasse “de imediato” a sua incursão terrestre em Rafah, que está a decorrer na zona oriental da cidade.
“A União Europeia apela a Israel para que termine de modo imediato a sua operação em Rafah”, disse o representante para a Política Externa e de Segurança da União Europeia, Josep Borrell.
“Se Israel continuar a sua operação militar em Rafah, isso irá inevitavelmente deixar em grande tensão as relações entre Israel e a União Europeia”, avisou, sublinhando que “esta operação está a causar ainda mais obstáculos à distribuição de ajuda à Faixa de Gaza e a levar a mais deslocação interna, exposição a risco de fome e a sofrimento humano”.
Ainda nesta quarta-feira, 20 organizações de ajuda humanitária, incluindo a Amnistia Internacional e a Oxfam, declararam numa carta aberta que consideram que as ordens de retirada do Exército israelita equivalem a “transferência forçada” e, assim, são “uma grave violação do direito internacional humanitário”.
Do terreno, a UNRWA, a organização da ONU que apoia refugiados palestinianos, diz que o Norte foi vendo a terrível situação de ajuda humanitária ser um pouco aliviada mas que a situação no Sul “se reverteu completamente”, principalmente desde que Israel tomou o controlo do posto fronteiriço com o Egipto em Rafah e avançou com a incursão no terreno, disse Sam Rose, da agência, à Al-Jazeera.
Esta acção e a potencial incursão em toda a cidade de Rafah estão a deixar as relações entre o Egipto e Israel num ponto inédito desde o tratado de paz de Camp David em 1979, o primeiro país da região a assinar a paz com Israel. Não só o Egipto se juntou à África do Sul no caso contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça para pedir medidas provisórias, como está a alterar o modo como age com Israel: o Egipto, disse um responsável israelita ao diário Haaretz, trabalhou deliberadamente para obstruir as operações israelitas “e para tentar forçar o fim da guerra”. Isto é “algo que nunca aconteceu, nem mesmo durante as nossas anteriores operações em Gaza”, sublinhou.
Os Estados Unidos também têm pressionado repetidamente Israel para não avançar para uma incursão terrestre em Rafah sem um plano credível para retirar a população civil, o que, segundo Washington, levaria vários meses. Estima-se que estejam na cidade cerca de 1,4 milhões de palestinianos, de uma população de cerca de 2,2 milhões.
O secretário de Estado Antony Blinken repetiu que era preciso ainda haver um plano credível para quem asseguraria a autoridade no pós-conflito na Faixa de Gaza.
O Reino Unido referiu-se ainda, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, David Cameron, a um ataque inaceitável de colonos israelitas a camiões de ajuda destinados a Gaza, que decorreu no início da semana. E na véspera, uma série de extremistas fez uma acção para o regresso dos colonatos judaicos na Faixa de Gaza – os quais foram retirados em 2004.