França e Interpol continuam à procura do homem que fugiu após emboscada mortal a carrinha celular
Mohamed Amra conseguiu fugir depois de uma emboscada mortal ao veículo policial que o transportava, em França. Interpol já emitiu um aviso vermelho.
Esta terça-feira, 14 de Maio, a carrinha celular que transportava Mohamed Amra até à Normandia, França, sofreu uma emboscada. O prisioneiro conseguiu fugir e o ataque resultou na morte de dois polícias, tendo outros três ficado gravemente feridos. França abriu uma caça ao homem sem precedentes e a Interpol já emitiu um aviso vermelho.
Mohamed Amra estava a ser transportado da prisão para um tribunal na Normandia. Pouco antes das 11h locais (10h em Lisboa), disse Laure Beccuau, procuradora do Estado de Paris, citada pela BBC, a carrinha passou na portagem de Incarville, na região de Eure, e, “de imediato, um veículo bateu-lhe de frente para [a obrigar a] parar”.
Homens armados saíram do veículo e dispararam contra a carrinha celular. Mais tarde, a Reuters avançou que os criminosos tiveram o auxílio de um segundo veículo que, provavelmente, seguia a escolta policial. Os homens, que usavam passa-montanhas para tapar o rosto, teriam armas longas e dispararam várias vezes, matando dois agentes e ferindo gravemente outros três.
A Procuradoria de Paris acredita que os veículos usados pelos criminosos foram encontrados queimados, em locais diferentes, pouco depois do crime, ainda na terça-feira.
O ministro do Interior francês, Gerald Darmanin, afirmou que “estão a ser utilizados todos os meios para encontrar os criminosos”, mensagem reforçada pelo Presidente Emmanuel Macron. Darmanin acrescentou ainda que foram destacados cerca de 450 agentes policiais para esta “caça sem precedentes” na Normandia. O ministro classificou o ataque como “bárbaro e a sangue-frio”.
Os sindicatos franceses de guardas prisionais apelaram a que se fizesse greve e se exercessem apenas os serviços mínimos, esta quarta-feira, 15 de Maio, em todo o país. Além de o fazerem em sinal de apoio à família dos falecidos, a greve pretende exigir medidas urgentes para melhorar a segurança no trabalho. Numa declaração conjunta dos sindicatos, citada pela BBC, pede-se "a redução drástica das extradições de prisioneiros para as audiências em tribunal, através da promoção de videoconferências, bem como uma revisão dos níveis de escolta".
O ministro da Justiça francês, Eric Dupond-Moretti, já manifestou intenção de se reunir com os representantes dos sindicatos e assegurou: "Tudo será feito para encontrar os autores deste crime vil. Os autores são pessoas para quem a vida não tem valor e serão punidos de uma forma proporcional ao crime."
O caso já gerou minutos de silêncio em diversos meios de comunicação social franceses, bem como diversas manifestações à porta de estabelecimentos prisionais, nomeadamente em Paris.
Quem é Mohamed Amra?
Condenado por roubo a 10 de Maio de 2024, Mohamed Amra foi também acusado pelos procuradores de Marselha de um rapto que levou à morte de uma pessoa, como avança a Reuters. O criminoso, de 30 anos, teria já 13 condenações, a primeira das quais datada de Outubro de 2009, quando tinha 15 anos. É presumível que Amra tivesse ligações a um gang de Marselha associado a tráfico de droga e violência. Ainda assim, o seu registo criminal não contém delitos relacionados com droga, confirmou a Procuradoria de Paris.
Apesar de não ser um recluso "vigiado de perto", avança a mesma fonte, o seu transporte prisional exigiu uma escolta de nível três.
O advogado de Amra, Hugues Vigier, não acredita que o fugitivo soubesse do plano de libertação: "Esse plano não corresponde ao que sei sobre ele. Se está por detrás disto, então não consegui perceber quem ele era." No entanto, alguns meios de comunicação franceses confirmaram que Amra já teria tentado fugir da cela no início da semana, serrando as grades.
Segundo Dupond-Moretti, um dos agentes que perderam a vida "deixa uma mulher e dois filhos, que iam celebrar o seu 21.º aniversário dentro de dois dias". O segundo agente, de 34 anos, deixa uma mulher grávida de cinco meses.