Biden e Trump perto de um acordo para debates em Junho e Setembro

Repto lançado nesta quarta-feira por Joe Biden foi aceite por Donald Trump de imediato. Acordo exclui a Comissão de Debates Presidenciais, que organiza os debates desde 1988.

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Donald Trump e Joe Biden durante o primeiro debate das eleições presidenciais de 2020, em Cleveland REUTERS/Brian Snyder
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O primeiro debate televisivo entre Joe Biden e Donald Trump pode decorrer já na segunda metade de Junho, ainda antes da nomeação de ambos como candidatos oficiais dos seus partidos à próxima eleição presidencial nos Estados Unidos, em Novembro.

Numa mensagem em vídeo, divulgada nesta quarta-feira, Biden desafiou Trump para dois debates — um em Junho, após o fim da reunião do G7, em Itália, no dia 15 desse mês; e outro em Setembro, antes do início do período de votação antecipada em alguns estados, no dia 20 — organizados pelas respectivas campanhas e à margem da Comissão de Debates Presidenciais, um grupo independente que é responsável pelos debates televisivos desde 1988.

"Donald Trump perdeu dois debates comigo em 2020, e desde então nunca mais apareceu num debate", disse Biden, referindo-se aos debates entre ambos durante a campanha eleitoral de há quatro anos, e à recusa do ex-Presidente dos EUA em participar nos debates das eleições primárias do Partido Republicano, este ano.

"Nos últimos tempos, ele tem dito que quer voltar a debater comigo. Pois bem, companheiro, faz-me essa vontade", disse o Presidente norte-americano, usando a expressão "make my day" — numa referência a uma frase popularizada pelo filme Impacto Súbito (1983), com Clint Eastwood no papel do inspector Harry Callahan.

Numa outra provocação a Trump, Biden sugeriu, na mesma mensagem, que o debate de Junho seja agendado para uma quarta-feira, o único dia da semana em que não se realizam sessões do julgamento do ex-Presidente dos EUA em Nova Iorque, no caso relacionado com o pagamento pelo silêncio de uma actriz de filmes pornográficos.

O desafio foi aceite por Trump pouco depois, através de uma mensagem publicada na rede social Truth Social. "Estou pronto para debater com o 'Joe Desonesto' nas duas datas propostas, em Junho e em Setembro", disse o ex-Presidente dos EUA. "Recomendo que haja mais do que dois debates, a realizar num recinto com uma grande capacidade, apesar de Biden dizer que tem medo de multidões — o que só acontece porque ele nunca tem multidões."

Tal como Biden, Trump terminou a sua mensagem com uma referência à cultura popular dos EUA, neste caso com uma citação de Michael Buffer, o conhecido apresentador de combates de luta livre americana e de boxe: "Let's get ready to rumble!!!"

Os pormenores dos debates, incluindo as datas certas e os locais, bem como a escolha dos canais de televisão envolvidos, vão ser discutidos entre representantes dos dois candidatos nos próximos dias.

O anúncio desta quarta-feira representa um duro golpe para a Comissão de Debates Presidenciais, muito criticada em 2020 pelo Partido Democrata e pelo Partido Republicano, por razões distintas.

Nessa altura, no auge da pandemia de covid-19, Biden criticou o grupo por não ter exigido a Trump o cumprimento das regras de distanciamento, principalmente depois de ter sido noticiado que o candidato republicano tinha contraído o vírus três dias antes do primeiro debate, em Outubro de 2020. Além disso, o Partido Democrata queixou-se de os organizadores não terem desligado os microfones sempre que os candidatos acabavam de responder a uma pergunta.

A confirmar-se a proposta de Biden, o primeiro debate vai realizar-se antes da realização das convenções nacionais do Partido Republicano (de 15 a 18 de Julho) e do Partido Democrata (de 19 a 22 de Agosto), onde os dois candidatos deverão ser confirmados como os representantes dos seus partidos na eleição presidencial.

O primeiro debate na televisão entre dois candidatos à Presidência dos EUA decorreu em 1960, entre John F. Kennedy e Richard Nixon. Mas, ao contrário da crença mais comum, essa não foi a primeira vez que os telespectadores norte-americanos puderam ver representantes do Partido Democrata e do Partido Republicano num frente-a-frente a poucos dias das eleições — esse momento ocorreu quatro anos antes, em 1956, e a distinção coube a duas mulheres, Eleanor Roosevelt e Margaret Chase Smith.

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