Em Kiev, Blinken reconhece “momento delicado”, mas garante que “a ajuda está a caminho”
Secretário de Estado norte-americano chegou esta manhã de comboio a Kiev para falar da ajuda suplementar dos Estados Unidos à Ucrânia numa altura em que passam “por um momento difícil”.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, chegou a Kiev esta terça-feira, 14 de Maio, na primeira visita de um alto responsável dos Estados Unidos à Ucrânia desde que o Congresso aprovou, no mês passado, um há muito aguardado pacote de ajuda militar de 61 mil milhões de dólares àquele país.
A viagem, que não tinha sido divulgada, tem como objectivo mostrar a solidariedade dos EUA para com a Ucrânia, que luta para se defender dos pesados bombardeamentos russos na sua fronteira Nordeste.
Blinken, que chegou a Kiev de comboio na manhã desta terça-feira, encontrou-se com o Presidente ucraniano, a quem transmitiu uma mensagem de confiança e tranquilidade. “Sabemos que este é um momento delicado”, admitiu o secretário de Estado norte-americano, sublinhando, contudo, que “a ajuda vem a caminho, alguma até já chegou” e que “ela vai fazer a diferença no campo de batalha”.
Volodymyr Zelensky agradeceu o apoio americano, mas aproveitou a presença de Blinken para lhe pedir mais meios de defesa aérea, que disse ser “o maior défice” das forças ucranianas neste momento. “Hoje precisamos de dois [sistemas] Patriot para a região de Kharkiv porque a população está sob ataque. Civis, combatentes, toda a gente está sujeita aos mísseis russos”, especificou.
Antes da chegada a Kiev, um responsável dos EUA que viaja na comitiva de Blinken disse aos jornalistas que a visita tinha como objectivo "enviar um forte sinal de tranquilidade aos ucranianos que passam obviamente por um momento muito difícil". Segundo o mesmo funcionário, a artilharia, os mísseis de longo alcance conhecidos como ATACMS e as baterias de defesa aérea aprovados pelo Presidente Joe Biden a 24 de Abril estão a chegar às forças ucranianas.
Há meses que Kiev tem estado em desvantagem no campo de batalha. As forças russas, que têm uma vantagem significativa em número de efectivos e de munições, vêm avançando lentamente no terreno, principalmente na região de Donetsk, no Sul, tirando partido da escassez de efectivos militares e de projécteis de artilharia da Ucrânia.
Na segunda-feira, o conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse que Washington estava a tentar acelerar "o ritmo das entregas" de armas à Ucrânia para ajudar a inverter a sua desvantagem. "O atraso atirou a Ucrânia para um buraco e estamos a tentar ajudá-la a sair desse buraco o mais rapidamente possível", disse Sullivan, acrescentando que um novo pacote de armas será anunciado esta semana.
A Rússia controla actualmente cerca de 18% da Ucrânia e tem vindo a ganhar terreno desde o fracasso da contra-ofensiva de Kiev de 2023, que não conseguiu fazer incursões importantes contra as tropas russas resguardadas por campos fortemente minados.
As tropas de Moscovo entraram na Ucrânia perto da segunda maior cidade do país, Kharkiv, na sexta-feira, abrindo uma nova frente a nordeste numa guerra que, durante quase dois anos, foi travada em grande parte no Leste e no Sul. O avanço poderá afastar algumas das esgotadas forças de Kiev do Leste, onde a Rússia tem estado a avançar.
"Eles [os russos] estão claramente a lançar tudo o que têm no Leste", afirmou o funcionário dos EUA.
Acordos bilaterais
O mesmo funcionário norte-americano afirmou que as reformas económicas e políticas levadas a cabo por Kiev abrirão o caminho para a adesão do país à União Europeia e, a seu tempo, à NATO.
Embora não seja provável que a aliança de defesa liderada pelos EUA admita a Ucrânia tão cedo, os Estados-membros, individualmente, estão a estabelecer acordos de segurança bilaterais com Kiev. É o que acontecerá com Portugal e Espanha nos próximos dias. As conversações sobre um acordo entre os EUA e a Ucrânia estão "na fase final" e serão concluídas antes da cimeira da NATO de Julho em Washington, adiantou o mesmo funcionário dos EUA.
O Grupo dos Sete (G7), que reúne os países mais industrializados do mundo, assinou uma declaração conjunta na cimeira da NATO em Vílnius, em Julho do ano passado, comprometendo-se a estabelecer "compromissos e acordos de segurança a longo prazo" com a Ucrânia, que seriam negociados bilateralmente.
Kiev afirma que os acordos deverão conter compromissos de segurança importantes e concretos, mas que não substituirão de forma alguma o seu objectivo estratégico de aderir à NATO. A aliança ocidental considera qualquer ataque lançado contra um dos seus 32 membros como um ataque contra todos, nos termos da cláusula do seu artigo 5.º.