Governo quer antecipar alta velocidade Lisboa-Madrid e terceira ponte sobre o Tejo

As ligações ferroviárias vão reforçar as acessibilidades do novo aeroporto de Lisboa e aliviar a pressão no Aeroporto Humberto Delgado, já que uma parte da procura aérea poderá ser desviada.

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Ligação de alta velocidade entre Lisboa e Madrid só deverá estar concluída em 2034 Daniel Rocha
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O Governo quer antecipar a conclusão da ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, incluindo a construção da terceira travessia do Tejo, para complementar a capacidade aeroportuária de Lisboa e aliviar uma parte da pressão da procura no Aeroporto Humberto Delgado. A calendarização dos investimentos na ferrovia será feita em conjunto com Espanha, de forma a garantir a conclusão "atempada" do projecto.

A intenção consta de uma resolução do Conselho de Ministros aprovada nesta terça-feira, no âmbito das decisões sobre o novo aeroporto da região de Lisboa, que, tal como era recomendado pela Comissão Técnica Independente (CTI), vai ficar localizado no Campo de Tiro de Alcochete.

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O projecto ferroviário da alta velocidade é independente da expansão da capacidade aeroportuária e está já em andamento – foi ainda no ano passado que foi lançado o concurso para primeira fase da nova linha entre Lisboa e Porto, que se espera que esteja concluída em 2030. O mesmo acontece com a construção da terceira travessia do Tejo, um projecto já falado há várias décadas, que irá ligar a zona de Chelas ao Barreiro e que irá, precisamente, assegurar a ligação de alta velocidade entre Lisboa, Porto e, mais tarde, Madrid.

Mas, com os planos para o novo aeroporto a avançarem, a aceleração dos projectos ferroviários e da nova ponte está a tornar-se mais urgente, até porque será preciso assegurar acessibilidades para o novo aeroporto, que ficará longe do centro da cidade. Isso mesmo fica agora claro na resolução do Conselho de Ministros desta terça-feira, que determina a "antecipação da conclusão da ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid, incluindo a terceira travessia do Tejo".

O objectivo passa por "oferecer uma alternativa de transporte ferroviário competitiva", disponibilizando ligações ferroviárias de Lisboa ao Porto com um tempo de uma hora e 15 minutos, Lisboa a Madrid (em três horas) e Porto a Vigo (em cinquenta minutos), de acordo com os tempos que já estavam previstos no plano de investimentos para a ferrovia desenhado pelo anterior Governo.

Estas ligações ferroviárias servirão não só para reforçar as acessibilidades do novo aeroporto de Lisboa, como para aliviar a pressão actualmente existente no Aeroporto Humberto Delgado, já que o Governo pretende desviar uma parte da procura aérea actual para a ferrovia. Ao mesmo tempo, os acessos ao aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, serão melhorados, pelo que se espera que este passe a ser o aeroporto preferencial para passageiros da região Centro, desviando mais uma parte da procura em Lisboa.

Actualmente, há cerca de 40 voos diários entre Lisboa e Madrid, com um total de 1,9 milhões de passageiros, e 20 ligações aéreas entre Lisboa e Porto, com 1,1 milhões de passageiros.

Alguns troços destas ligações ferroviárias estão já em construção, como é o caso do troço Évora-Elvas. Mas só em 2034 é que o Governo antecipa que a ligação Lisboa-Madrid fique concluída. Seja como for, o Governo quer assegurar que a calendarização dos investimentos será "devidamente compatibilizada com Espanha, de forma a garantir uma execução coordenada e atempada do projecto". Em conferência de imprensa nesta terça-feira, o ministro das Infra-estruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, adiantou que dialogou esta manhã com o seu homólogo espanhol, que lhe garantiu "o seu compromisso com este alinhamento estratégico".

Terceira travessia pode ser rodoferroviária

A par da alta velocidade, também a terceira travessia reduzirá os constrangimentos de mobilidade na região de Lisboa, embora, para já, não sejam apontados prazos para o lançamento desta obra.

Considerada "essencial no âmbito das acessibilidades ao novo aeroporto de Lisboa", a nova ponte deverá reduzir o tempo dos percursos entre Lisboa e a margem sul do Tejo, face aos percursos actuais. Em concreto, as estimativas apresentadas pelo Governo apontam para uma redução do percurso Lisboa-Barreiro para 10 minutos e do percurso Lisboa e Setúbal para 30 minutos. Ao mesmo tempo, a nova ponte permitirá o reforço da oferta ferroviária suburbana, bem como o tráfego ferroviário de mercadorias sem restrições.

Por decidir fica, para já, se esta ponte será rodoferroviária ou apenas ferroviária. Na conferência de imprensa, Miguel Pinto Luz afirmou que essa é uma questão "deixada propositadamente em aberto pelo Governo", uma vez que há visões diferentes sobre o que deve ser feito. Assim, este assunto será alvo de estudos.

Certo é que, para além da ligação à alta velocidade, esta nova ponte sobre o Tejo será integrada na rede ferroviária convencional, incluindo a linha de Cintura (que liga várias ferrovias na zona de Lisboa) e a linha do Alentejo, bem como o acesso ao novo aeroporto em Alcochete.

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