Sob a ameaça de ingovernabilidade, Madeira vai a votos para tentar evitar três eleições num ano

Miguel Albuquerque apresenta fragilidades para gerar consensos com outros partidos. CDS, PAN e IL têm vindo a rejeitar acordos com o PSD. Região com futuro incerto.

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As últimas eleições regionais foram em Setembro Paulo Pimenta
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A Madeira parte para as eleições de 26 de Maio sob a ameaça da ingovernabilidade. O PSD continua a ser o favorito à vitória, apesar da contestação interna e do desgaste de Miguel Albuquerque devido à operação judicial que motivou a queda do governo regional. A tendência de direita pode beneficiar Albuquerque - até porque Paulo Cafôfo, também a braços com divisões no PS-M, já não é o candidato galvanizador de 2019 –, mas o líder social-democrata vai ter dificuldades para conseguir o apoio de outros partidos.

Os anteriores parceiros têm vindo a demarcar-se de Miguel Albuquerque, comprometendo eventuais acordos pós-eleitorais. No parlamento agora dissolvido, o PSD tinha maioria com o CDS-PP (com quem estava no executivo e formara uma aliança pré-eleitoral em 2023) e o PAN. Estes dois partidos exigiram a demissão de Albuquerque depois de o presidente do governo da Madeira ter sido constituído arguido por suspeitas de corrupção. Também a Iniciativa Liberal já veio afastar qualquer entendimento com o presidente demissionário, que se candidata a um quarto mandato.

A fragilidade para gerar entendimentos obrigou a uma mudança de estratégia na política de alianças do PSD-M. Em Setembro, na altura das últimas eleições, o discurso, apesar de ziguezagueante, acabou por assentar numa rejeição do Chega. Agora, oito meses depois, Albuquerque tem vindo a abrir a porta ao partido de direita radical, rasgando o “não é não” de Luís Montenegro: “Neste momento não há linhas vermelhas, não se pode estar a condicionar a vontade do povo a priori”, afirmou numa entrevista à Lusa.

O Chega, contudo, recusa qualquer tipo de aliança, o que poderá bloquear a governabilidade na Madeira. “Somos os únicos que já dissemos que não queremos nada com o PSD – nem antes nem depois das eleições”, atirou o presidente da estrutura regional, Miguel Castro, uma promessa que tem repetido em várias ocasiões. Face à dificuldade para gerar consensos, a esperança do partido que governa a Madeira desde 1976 passa por fazer valer o argumento da estabilidade e evitar três eleições no espaço de um ano.

Se à direita o cenário pós-eleições parece difícil, à esquerda a situação não é mais favorável. As eleições apanharam o PS-M num processo de reorganização e Paulo Cafôfo não teve tempo para se constituir como alternativa ao poder.

O desgaste de Albuquerque e o histórico do próprio líder do PS-M (que conseguiu o melhor resultado do partido em 2019, ficando a dois deputados do PSD) perspectivam uma luta mais disputada, até porque há seis meses os socialistas ficaram a mais de 20 pontos percentuais do primeiro lugar.

Ainda assim, o presidente do PS-M enfrenta danos na imagem e divisões internas, corporizadas pelo movimento Autonomia 24, formado pelo ex-deputado na Assembleia da República Carlos Pereira para agregar descontentes. A intenção de Cafôfo de conciliar a candidatura à República com a da Assembleia Regional não foi bem recebida junto dos madeirenses, nem tão-pouco a insistência em manter-se simultaneamente como secretário de Estado das Comunidades de António Costa e presidente do PS-M quando ainda não se adivinhava a marcação de eleições antecipadas.

A campanha eleitoral arranca este domingo com indícios de instabilidade à vista. O futuro político da Madeira pode permanecer indefinido no dia seguinte às eleições.

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