Governo descobre “ovo de Colombo” para acelerar construção de habitação com apoio do PRR

Medida passa pela assinatura de um termo de responsabilidade com as câmaras para permitir avanço de projectos antes da aprovação pelo IHRU. Mas há mais novidades na “responsabilização” dos munícipios.

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Estratégia do Governo para a habitação passa em grande parte pelas autarquias Nuno Ferreira Santos
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O Governo quer colocar os municípios no centro da nova estratégia para a habitação e lançou duas medidas cuja resposta vai depender deles. Uma dessas estratégias, que o ministro das Infra-Estruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, comparou ao “Ovo de Colombo”, passa pela aceleração de projectos que as autarquias candidataram ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), e que “estão completamente parados” para aprovação no Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU), num total de 25 mil fogos.

A solução implica a assinatura de um termo de responsabilidade com as autarquias, para permitir o arranque das sete mil candidaturas já apresentadas, que envolvem a construção de 26 mil casas, e que “estão bem instruídas, com projectos, com terrenos, com calendarização, como os autarcas hoje sabem fazer”, garantiu o ministro, no final de uma apresentação sumária das várias medidas, realizada esta sexta-feira no Porto.

“Esse termo de responsabilidade - garantiu o governante - foi validado pela Comissão Europeia, pelo ministro da Coesão, pela Unidade de Acompanhamento do PRR, e está dentro dos critérios do PRR”. Acrescentando que a partir desse momento, “o IHRU está em condições de assinar o contrato com o autarca, para que este possa cabimentar a verba”.

E se depois se encontrarem desconformidades? Perguntou o próprio ministro, dando depois a resposta: “Nós temos o tempo, até ao pagamento da primeira tranche, para encontrar essas desconformidades”, garantindo que se tratará de “um processo dinâmico”, corrigindo “o risco de chegar ao final do ano e essas candidaturas não estarem todas avaliadas” e de “não estarem concluídas em 2026”.

“Diria que dentro e poucas semanas estaremos em condições de assinar contratos para todas as candidaturas com as senhoras e senhores autarcas”, assegurou, numa sessão que foi realizada na segunda maior autarquia do país, a do Porto.

Esta medida, será acompanhada de “um reforço de financiamento para viabilizar o desenvolvimento de milhares de outros fogos candidatos, mas não financiados no PRR”. Neste caso, o ministro das Infra-Estruturas diz ter iniciado conversas com o ministro das Finanças para garantir um apoio de mais mil milhões de euros para que o número de novos fogos a construir possa ascender a 53.927, mas neste caso, com um calendário de execução a seis ou sete anos e com o envolvimento do próprio IHRU.

Imóveis públicos à disposição das câmaras

Há outra grande medida proposta pelo Governo para aumentar a oferta de habitação, especialmente para os agregados com menores rendimentos. Trata-se de dar às câmaras a possibilidade de identificarem imóveis do Estado sem utilização e que possam se adaptados para essa finalidade. E requisitar a sua disponibilização, num curto espaço de tempo. Em relação a esta medida, o ministro não falou em “Ovo de Colombo”, mas antes “na inversão do ónus da prova”.

”Precisamente porque nós sabemos que o Estado pode demorar tempo demasiado” a fazer o levantamento do seu património disponível, nós invertemos o ónus e serão os senhores autarcas a detectarem esses imóveis, podendo, de forma semi-automática, aceder ao imóvel”, assegurou.

Assim, o Governo “compromete-se, em letra de lei, a disponibilizar esses imóveis desde que não tenhamos nós, Estado, um projecto que esteja à mesma altura e com a mesma maturidade, a mesma capacidade de intervenção”, garantiu, reforçando que o Estado não vai à última da hora inventar um projecto para dizer... 'temos aqui uma ideia'”.

Para contrariar a pretensão da autarquia, o Estado tem de ter “uma ideia clara, objectiva, com timings e financiamento”, concluiu.

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