Em ano de Europeu, a Alemanha está a dominar a Europa

O Borussia Dortmund está na final da Champions e o Bayer Leverkusen na final da Liga Europa. Mais: o país pode colocar seis representantes na próxima Liga dos Campeões.

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O Borussia Dortmund afastou o PSG nas meias-finais da Champions CHRISTOPHE PETIT TESSON / EPA
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Esteve por um fio a repetição de uma final da Liga dos Campeões 100% alemã, mas a eliminação-relâmpago do Bayern Munique às mãos do Real Madrid não belisca o percurso autoritário que o futebol germânico tem feito ao longo desta época. Num prato da balança, mesmo em subrendimento na Bundesliga, o Borussia Dortmund está no derradeiro encontro da Champions; no outro, num plano superlativo, o Bayer Leverkusen estendeu à Liga Europa o domínio intramuros e vai discutir o troféu em Dublin. É caso para dizer, em ano de Euro 2024, a anfitriã Alemanha está a tomar conta do futebol europeu.

Esta não será a primeira vez que os clubes alemães atingem, em simultâneo, a final das duas competições de clubes mais relevantes da UEFA. Aconteceu em cinco outras ocasiões na história (e já lá vamos a todas), sendo que apenas por uma vez festejaram nos dois quadrantes: foi em 1974-75, quando o Borussia Mönchengladbach venceu o Twente (5-1) para conquistar a Taça UEFA e o Bayern Munique bateu o Leeds United (2-0) para ganhar a Taça dos Campeões Europeus.

Eram outros tempos e as competições tinham formatos distintos dos actuais, mas a força do futebol alemão fez-se sentir, em duplicado, noutros momentos. Em 1979-80, registou-se a primeira final exclusivamente germânica, quando o Eintracht Frankfurt e o Borussia Mönchengladbach mediram forças na Taça UEFA – ganharam as “águias” de Frankfurt, depois de uma eliminatória, a duas mãos, muito equilibrada (2-3 e 1-0). Nessa época, a Taça dos Campeões Europeus também contou com um inquilino alemão, o Hamburgo, que perdeu a final com o Nottingham Forest (1-0).

A este registo, há que juntar as temporadas de 1981-82 (Gotemburgo-Hamburgo na Taça UEFA e Aston Villa-Bayern Munique na Taça dos Campeões), de 1996-97 (pela mesma ordem, Schalke-Inter Milão e Borussia Dortmund-Juventus) e de 2001-02 (Borussia Dortmund-Feyenoord e Bayer Leverkusen-Real Madrid). Exemplos que provam o poderio cíclico do futebol alemão, nas duas principais frentes europeias.

A esse respeito, a presente temporada está também a ser memorável. Na Champions, a Alemanha colocou três equipas nos oitavos-de-final (o RB Leipzig foi eliminado nessa fase pelo Real Madrid, carrasco também do Bayern nas meias-finais); na Liga Europa foram duas a passar a fase de grupos (para além do Bayer, o Friburgo, que caiu nos “oitavos”) – já agora, o fracasso chegou na Liga Conferência, com o Eintracht a não chegar sequer aos oitavos-de-final.

Nas próximas semanas, os alemães terão a possibilidade de erguer mais dois troféus da UEFA, mas já sabem que, dê por onde der, terão uma representatividade tremenda na edição 2024-25 da Liga dos Campeões, que estreará um formato de Liga em detrimento da habitual fase de grupos. Por duas razões. A primeira tem a ver com o facto de a Bundesliga estar no top 5 do ranking, o que lhe garante automaticamente quatro vagas para a fase principal. A segunda tem a ver com a performance do país em 2023-24, que lhe garante uma vaga extraordinária (privilégio reservado aos dois países com melhor coeficiente nessa época).

Ou seja, a Alemanha chegará à fase principal da Champions com cinco equipas, mas que, em rigor, ainda podem vir a ser seis. Como? Se o Borussia Dortmund conquistar o torneio, assegurará um lugar na próxima edição com o estatuto de detentor do troféu, “libertando” assim a vaga a que tem direito por via do quinto lugar na Bundesliga. Olhando para a classificação tal como está agora, o Eintracht Frankfurt seria o grande beneficiário do êxito europeu do Dortmund, saltando directamente para a fase final da Champions 2024-25.

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