Ilhas Feroé abateram 40 baleias-piloto num só dia: “Desporto de sangue”

Foi no sábado que se realizou a primeira caça anual de baleias nas Ilhas Feroé. Morreram 40 animais, mas o Governo local considera “sustentável” a prática de grindadráp.

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Chama-se grindadráp e é um método de caça de baleias criado pelos vikings Sea Sheperd Global
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Chama-se grindadráp e é um método de caça de baleias com mais de 1000 anos. Ainda é usado e preservado pelos habitantes das Ilhas Feroé: a primeira caçada de 2024 aconteceu no sábado, em Klaksvik, e resultou na morte de 40 baleias-piloto. Há mais caças planeadas para o resto do ano.

O Blue Planet Society, grupo de voluntários para a protecção dos oceanos, descreve a prática como “uma tradição arcaica” que tem como alvos preferenciais os pequenos cetáceos, como as baleias-piloto.

Quando avistados pelos caçadores, os animais são cercados por barcos. O ruído provocado pelas embarcações desorienta-os e, já presos, são mortos nas águas rasas ou arrastados até à costa.

Com recurso a facas tradicionais, os faroenses executam cortes profundos nas laterais do pescoço dos animais. A coluna é também cortada e as artérias principais abertas. Segundo o Blue Planet Society, na maioria dos casos as mortes ocorrem por perda de sangue.

Contudo, os faroenses salientam a componente tradicional deste método de caça e consideram que a oposição estrangeira é uma forma de “imperialismo cultural”, escreve a Euronews.

Num comunicado enviado à mesma cadeia de televisão em 2023, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, Indústria e Comércio das Ilhas Feroé caracterizou o método como “rápido e humano”.

De acordo com este ministério, usa-se uma lança especial, desenhada por um veterinário, que leva entre “um a dois segundos” a matar o animal. Um baleal inteiro seria morto “em menos de 15 minutos”.

O órgão ressalta ainda a “sustentabilidade” do grindadráp, referindo que é uma prática “totalmente regulamentada”.

Em declarações à Euronews, na época de caça do ano passado, o porta-voz da Blue Planet Society, John Hourston, levantou algumas questões: "Matam-nos com pessoas destreinadas. Tentam compará-lo a uma prática regulamentada, mas não é nada disso".

"É algo que eles fazem todos os Verões por um pouco de diversão. É um desporto de sangue”, disse o fundador do Blue Planet Society.

Já em 2021, a morte de 1400 golfinhos nas Ilhas Feroé foi criticada a nível internacional e isso resultou na definição de uma quota anual de matança de 500 golfinhos.

Segundo a Ocean Care, organização internacional de conservação marinha, são mortas, em média, cerca de 700 baleias-piloto por ano.

Para John Hourston, "se permitirmos esta extravagância, de um país rico poder fazer isto com criaturas inteligentes, não vamos vencer a batalha contra as alterações climáticas e a crise da biodiversidade".

Texto editado por Inês Chaíça

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