Estudantes voltam a acampar numa faculdade de Lisboa, mas protesto pró-Palestina não pára aulas

Estudantes dizem que o protesto juntou 70 pessoas na terça-feira à noite. A direcção da faculdade anunciou que não vai interromper o acampamento que decorre em simultâneo com as aulas.

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Estudantes protestam na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa ANTÓNIO PEDRO SANTOS / LUSA
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Alunos acampam na Faculdade de Psicologia de Lisboa em protesto pró-Palestina Ocupa.FPUL
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As actividades académicas decorreram com normalidade apesar do protesto pelo fim da guerra em Gaza e o uso dos combustíveis fósseis que está a ocupar o átrio da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa.

Os estudantes montaram oito tendas de campismo no pátio do edifício, colaram faixas e cartazes com as mensagens "Fim ao Genocídio", "Fim ao Fóssil até 2030", "De Lisboa a Rafah, Palestina Vencerá", "Bloco de Resistência Estudantil — Fim à repressão policial", "O nosso futuro acima do lucro fóssil" ou "Electricidade 100% Renovável". No início da tarde de quarta-feira, 8 de Maio, o número de tendas subiu para 14.

Numa resposta enviada à Lusa na terça-feira à noite, Luís Miguel Carvalho, director do Instituto de Educação, e Telmo Mourinho Baptista, director da Faculdade de Psicologia, referiram que as instituições foram surpreendidas pelo protesto estudantil, que ocupou edifício partilhado por ambas as escolas da Universidade de Lisboa. "Não foi solicitada qualquer autorização para a realização do protesto", frisaram, acrescentando que "até ao momento não foi posto em causa o normal funcionamento das actividades."

"As direcções falaram com os estudantes e clarificaram que, tal como comunicado esta terça-feira às nossas comunidades académicas, privilegiam a coexistência da manifestação do protesto com o desenvolvimento das actividades académicas previstas", sublinharam.

Em declarações ao P3, Vasco Pereira, membro do colectivo Estudantes Justiça na Palestina da FSCH, faculdade onde estuda, adianta que o protesto foi planeado durante as últimas semanas, inspirado movimento estudantil internacional nas universidades dos Estados Unidos, Europa, América Latina e Austrália.

A Faculdade de Psicologia não foi alertada para não impedir a realização do acampamento, diz o estudante de Antropologia.

“Queríamos que a ocupação surtisse um efeito de choque e daí não termos avisado a direcção da faculdade. O objectivo era conseguirmos montar as tendas sem termos a polícia à nossa espera e chamar a atenção da comunidade estudantil para se juntar a nós”, justifica. Depois da ocupação, revela o jovem de 21 anos, a direcção anunciou que "não iria chamar a polícia para dispersar os alunos".

"Protesto pacífico" com debates, jantares e concertos

As aulas não foram canceladas, mas tal não significa que os alunos que estão a participar no protesto estejam a frequentá-las. Vasco Pereira destaca que "essa não é uma preocupação para os manifestantes" que pedem o fim da guerra em Gaza.

Catarina Bio, de 21 anos, porta-voz da ocupação, explicou à Lusa que os manifestantes promoveram uma "programação política para explicar como o problema do colonialismo fóssil e o problema do genocídio que está a acontecer em Gaza são exactamente o mesmo: este sistema que coloca o lucro acima da vida das pessoas". Os estudantes, explicou, estão determinados a permanecer acampados e organizaram-se em grupos de trabalho.

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Vasco é um deles. Na noite de terça-feira foi um dos 70 alunos que se juntou ao acampamento. Além da Faculdade de Psicologia e da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (​FSCH) o protesto reúne ainda estudantes da Faculdade de Direito, do ISCTE, da Nova Medical School e de algumas escolas secundárias de Lisboa.

“Fizemos um jantar comunitário para conhecermos novas pessoas e agora de tarde vamos ter uma palestra com uma professora palestiniana sobre vida em Gaza e, à noite, um concerto. É um protesto pacífico com bom ambiente. Encorajamos estudantes e não estudantes a se juntarem a nós.”

Esta quarta-feira, 8 de Maio, são perto de 30 os manifestantes que continuam a ocupar a entrada da instituição com tendas.

O aluno da FSCH diz ainda que o acampamento na Faculdade de Psicologia não tem data para terminar. O objectivo seguinte, atira, passa por “expandir” as manifestações a outros locais e universidades.

Os protestos continuaram na terça-feira em várias cidades europeias, como Paris, Berlim, Amesterdão ou Genebra, em alguns casos reprimidos pelas forças policiais e com detenções de dezenas de activistas. Esta quarta-feira, os alunos da Universidade do Porto estão reunidos na Praça de Gomes Teixeira, junto ao edifício da Reitoria.