Em Lisboa, Coimbra e Porto, os estudantes começam a manifestar-se por Gaza

Há estudantes acampados na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa e uma assentada em Coimbra. A 8 de Maio, os protestos chegam à Universidade do Porto e pedem corte com empresas israelitas.

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Estudantes protestam na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa sob o lema "Fim ao genocídio, fim ao fóssil", exigindo um cessar-fogo imediato e incondicional em Gaza António Pedro Santos/LUSA
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Há estudantes acampados na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa António Pedro Santos/LUSA
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Em Lisboa, Coimbra e Porto, os estudantes começam a manifestar-se por Gaza António Pedro Santos/LUSA
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Por todo o mundo, reproduzem-se os protestos estudantis contra o ataque de Israel a Gaza. Nos Estados Unidos, pelo menos 2500 pessoas foram detidas na sequência das manifestações e "acampamentos" nas universidades; também no Canadá, França, Espanha, Reino Unido, Alemanha ou Austrália, os estudantes mobilizaram-se em defesa da Palestina. Chegou, agora, a vez de Portugal.

Há estudantes acampados na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Eram cerca de 20, ao final da manhã de terça-feira, mas a expectativa é a de que mais se juntem ao longo do dia (ou dias), referiu Catarina Bio, da Greve Climática Estudantil, uma das organizadoras do protesto, em conjunto com o colectivo Estudantes pela Palestina.

“Reivindicamos um fim aos massacres em nome do lucro e do colonialismo, ou seja, um cessar-fogo imediato e sem quaisquer condições impostas, e o fim ao fóssil até 2030”, aponta.

“O genocídio que está a acontecer neste momento na Palestina é o último passo num projecto colonialista que tem na sua base também o colonialismo fóssil”, continua. Em Outubro último, o ministro da Energia e Infra-Estruturas de Israel anunciou que tinha dado concessões de exploração de gás a empresas israelitas e internacionais em zonas que sobrepõem significativamente as fronteiras marítimas de Gaza.

Também em Coimbra decorreu, das 11 às 17 horas, uma assentada no Largo D. Dinis. “As grandes empresas fósseis lucram com o genocídio em curso, sendo parte activa na normalização da ocupação militar”, escreve no Instagram o grupo activista Coimbra pela Palestina, onde divulgaram a acção. Reivindicam o “cessar-fogo imediato, o apoio à queixa apresentada contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça, o corte de relações diplomáticas e financeiras com Israel, o reconhecimento do Estado palestiniano e a criação de um Estatuto Especial de Refugiado Palestiniano, o fim ao fóssil até 2030 e electricidade 100% renovável e gratuita até 2025”.

São reivindicações semelhantes às que serão feitas nesta quarta-feira, 8 de Maio, numa assentada a realizar-se às 14 horas em frente à Reitoria da Universidade do Porto, na Praça de Gomes Teixeira. É organizada pelo colectivo Estudantes em Defesa da Palestina, criado em Março último, que se inspirou “no que está a acontecer nos Estados Unidos, no México, França, Alemanha” e quis “exigir o rompimento das relações académicas da universidade com instituições sionistas israelitas”, começa por explicar Bárbara Molnar, criadora do projecto.

“Vimos o que está a acontecer nos Estados Unidos e isso foi o pontapé de saída para a mobilização”, refere. Os estudantes procuraram ligações entre a Universidade do Porto e empresas israelitas, seja através de “troca de conhecimento, de verba ou de dinheiro” e querem “entregar em mãos a algum representante da universidade” uma carta que prepararam para o reitor.

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A carta aberta nomeia algumas dessas empresas israelitas com ligação à Universidade do Porto, pede que a instituição corte relações com elas, que se coloque "firmemente contra o genocídio a decorrer na Palestina" e sugere a criação de protocolos com universidades palestinianas. É assinada por alunos de diferentes faculdades e quer um compromisso "com uma reunião com o movimento", explica Bárbara.

A ideia é que, no futuro, todos estes colectivos independentes se “unifiquem nacionalmente contra o genocídio”. O que está a acontecer nos Estados Unidos, onde milhares de pessoas foram detidas e a tensão entre manifestantes e polícia vai aumentando. “É muito importante sinalizar que essa repressão quer confundir o que é a crítica ao sionismo e o que é o anti-semitismo. É falacioso.”

Protestos no resto do mundo

A exigência de cessar relações com instituições israelitas está a ser feita em universidades de todo o mundo. Na Universidade de Amesterdão, centenas de estudantes montaram um acampamento e barricaram o acesso com paletes de madeira. Na Bélgica, na Universidade de Ghent, os alunos colocaram tendas num dos edifícios. Vários professores e funcionários assinaram a carta que condenava a decisão de a universidade continuar a colaborar em investigações com Israel.

Em Espanha, estudantes de Valência, Barcelona, País Basco e Sevilha juntaram-se à mobilização. Em França, os estudantes de Sorbonne querem que a instituição pare de financiar actividades relacionadas com Israel. As manifestações levaram a que a polícia expulsasse um grupo que permanecia nas instalações.

Nesta segunda-feira, 6 de Maio, a Universidade de Colúmbia anunciou que a cerimónia de formatura foi cancelada devido aos protestos que estão a ocorrer no campus. A polícia de choque foi chamada ao local e usou bastões e granadas de atordoamento para retirar os estudantes. Acabou também com as aulas presenciais.

Mas houve também acordos já alcançados: algumas universidades americanas (Minnesota, Brown, Evergreen State College, entre outras) comprometeram-se com o desinvestimento, outras prometeram olhar para a lista de investidores, ou até a deixarem os estudantes fazê-lo, por exemplo. Em troca, os estudantes retiraram os acampamentos. Outras instituições decidiram deixar, simplesmente, que os protestos continuassem a decorrer.

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