PSG cai na Champions. O dinheiro ainda não traz felicidade

As notas qataris continuam a significar domínio em França e quedas na Europa. Vai ser o Borussia Dortmund a jogar a final da Liga dos Campeões, depois de sobreviver a quatro bolas aos ferros.

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PSG e Dortmund em duelo na Champions CHRISTOPHE PETIT TESSON / EPA
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A nível interno, no campeonato francês, há pouco que os rivais do PSG possam fazer para parar aquele grupo de rapazes. Na Europa, a conversa é outra e o que tem sido dito ao PSG, ano após ano, é que é preciso mais do que dinheiro para ser feliz. Nesta terça-feira, disseram-lhes isso novamente.

A equipa francesa caiu nas meias-finais da Champions e é o Borussia Dortmund quem vai estar na final, em Wembley, a 1 de Junho. Depois do 1-0 na Alemanha, o Borussia conseguiu novo 1-0 em Paris e, para o PSG, o dinheiro continua a não trazer felicidade.

Todos os anos algo acontece ao PSG. Caindo cedo ou caindo tarde, o fim é sempre esse: a queda. Desta vez, caíram depois de quatro remates aos ferros, num jogo no qual tiveram lances mais do que suficientes para garantirem a final.

E esta foi a última oportunidade de usarem Mbappé para a glória europeia e, para Mbappé, a última oportunidade de ser o homem que guiou o PSG a esse trono. Talvez em Madrid seja mais fácil.

Para o Borussia, este é o regresso a uma final europeia: é a terceira, depois da que perdeu em 2012/13 e da que ganhou em 1996/97.

É uma equipa de poder ofensivo impressionante? Nem por isso. Mas o futebol faz-se de mais do que isso e os alemães mostraram dominar vários aspectos do jogo, sobretudo assente numa dupla de centrais tremenda: Hümmels e Schlotterbeck.

Ramos como 9

Na primeira parte houve um jogo globalmente pachorrento. O Dortmund, em vantagem na eliminatória, assumiu uma postura mais expectante, com um bloco médio-baixo, e o PSG, a precisar de marcar, esteve quase sempre em processo ofensivo. O problema é que o fez de forma lenta e algo previsível.

Com Gonçalo Ramos no “onze”, o PSG ganhou maior capacidade de pressão e podia, com bola, libertar Mbappé para os movimentos da esquerda para o meio. Mas perdeu, por outro lado, capacidade de cobrir corredor, porque o francês não corre para trás.

A solução de Luis Enrique foi ter Ruiz mais perto de Nuno Mendes, quer em construção, quer sem bola, e isso, permitindo ter mais gente perto de Sancho e compensar a falta de ajuda de Mbappé, acabou por tirar Ruiz do jogo.

Fez muita falta mais um médio à frente de Vitinha e o PSG teve dificuldade em ligar o jogo por dentro precisamente pela falta desse jogador.

Algo visível na imagem elevada da transmissão televisiva – mas mais difícil de ver no relvado – era a posição muito fechada do lateral Ryerson. Isto significava que quanto mais aberto estivesse Mbappé maior a probabilidade de ter espaço para o um contra um, mesmo que isso o fizesse partir de zonas mais distantes da baliza.

E o francês apostou nisso a partir da meia hora. Encostou-se à linha e pôde criar alguns desequilíbrios, algo que coincidiu com o avanço de Ruiz, que apareceu mais em zonas ofensivas – talvez as duas coisas juntas tenham contribuído.

Houve dois lances de golo, um de cada lado, salvos por Hümmels e Donnarumma, mas foi curta a amostra.

Hümmels desequilibrou

Logo a abrir a segunda parte, o Dortmund chegou ao 1-0 num canto, com cabeceamento de Hümmels, e o PSG passou a precisar de dois golos.

O PSG esteve perto do golo algumas vezes, nomeadamente com quatro bolas aos ferros, mas a passagem de Mbappé para a posição 9 na segunda parte acabou por retirar o francês do jogo. Ficou mais perto da baliza, sim, mas mais longe da bola e do impacto técnico na criação de lances. É difícil dizer qual é a melhor forma de explorar o francês, já que nenhuma das duas é perfeita, e o facto de Luis Enrique ter testado ambas neste jogo já diz bastante da dificuldade dessa equação.

A má notícia é que nesta terça-feira não chegou à solução. A boa notícia – e não é garantido que o seja – é que no próximo ano, com Mbappé em Madrid, já não terá de a descobrir.

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