Os loops mentais de Inês Campos tecem-se com fios de ouro

Um acento circunflexo vazio é como que um primeiro ponto de um bordado que desfia as teias da mente: um fio ^ saturado de medos e fantasias que teve estreia absoluta no DDD – Festival Dias da Dança.

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Inês Campos coloca neste solo repleto de alusões pessoais e metáforas visuais uma honestidade desarmante João Octávio Peixoto
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É invulgar que um espectáculo se faça anunciar – ainda a cortina fechada, e em voz-off – creditando todos os nomes envolvidos na criação. Dado que neste caso antecipa um solo, há uma empatia que logo invade, porque na invenção artística, como na invenção da vida, precisamos uns dos outros para sabermos quem somos. O singelo gesto de nomeação que prefacia o novo solo de Inês Campos prefacia também o emaranhado de imagens e palavras e pessoas e memórias de pessoas que habitam a artista e, por isso mesmo, já faz parte dele. Chamou-lhe fio ^ — assim mesmo, com chapeuzinho, um acento circunflexo vazio que é como um primeiro ponto do bordado que vai preenchendo, ao mesmo tempo que desfia no palco as teias da mente e o satura de medos e fantasias.

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