Boeing envia primeira tripulação de astronautas para o espaço, após anos de atraso. Veja em directo

Os astronautas da NASA Butch Wilmore e Suni Williams seguirão para o espaço a bordo da nave Starliner para uma estadia de cerca de uma semana a bordo da Estação Espacial Internacional.

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A construtora de aviões norte-americana Boeing vai enviar para o espaço, nesta segunda-feira, a nave Starliner com dois astronautas da agência espacial norte-americana NASA a bordo, naquela que será a sua primeira missão espacial tripulada – um marco importante após anos de atraso na luta para competir com a SpaceX de Elon Musk.

Numa publicação no seu site, a agência espacial destaca que “dois astronautas da NASA estão prontos para fazer história como os primeiros membros a bordo da nave espacial Starliner da Boeing para a Estação Espacial Internacional” (ISS, na sigla em inglês). Por outras palavras, se for bem-sucedida, a Boeing será a segunda empresa do mundo – a seguir à SpaceX – a levar astronautas à ISS num veículo próprio.

A agência espacial norte-americana sublinha ainda que esta será uma missão final de teste que vai servir para validar “o sistema de transporte, incluindo a plataforma de lançamento, o foguetão, a nave espacial, as capacidades operacionais em órbita e o regresso à Terra com os astronautas a bordo”, antes de a NASA certificar a nave para realizar voos de rotina tripulados à ISS no âmbito do seu programa de tripulação comercial.

Os astronautas da NASA Butch Wilmore e Suni Williams seguirão para o espaço a bordo da Starliner, descolando a bordo de um foguetão Atlas V da ULA (United Launch Alliance), para uma estadia de cerca de uma semana a bordo da ISS, antes de regressarem ao Sudoeste dos Estados Unidos, através de um sistema de pára-quedas.

O lançamento está previsto para as 22h34 desta segunda-feira nos Estados Unidos (03h34 de terça-feira em Lisboa), a partir de uma base espacial em Cabo Canaveral, na Florida. Está previsto que a nave Starliner se acople à porta dianteira do módulo Harmony da ISS pelas 12h46 de quarta-feira, 8 de Maio, nos EUA (17h46 de quarta-feira em Lisboa).

“Um marco absolutamente decisivo”

“O primeiro voo tripulado de uma nova nave espacial é um marco absolutamente decisivo”, disse aos jornalistas, numa conferência de imprensa antes do lançamento, Jim Free, administrador associado da NASA. “As vidas dos nossos tripulantes, Suni Williams e Butch Wilmore, estão em risco”, acrescentou, citado pelo jornal The Washington Post.

Suni Williams, de 58 anos, é uma antiga piloto da Marinha, com experiência de voo em mais de 30 aeronaves diferentes, tendo registado 322 dias no espaço em duas missões desde o seu primeiro voo em 2007 – será a piloto da missão e, segundo o jornal Folha de São Paulo, tornar-se-á a primeira mulher a voar numa missão inaugural de um novo veículo orbital. Butch Wilmore, de 61 anos, capitão reformado da Marinha, será o comandante da missão, tendo já registado 178 dias no espaço desde a sua primeira de duas missões espaciais em 2009.

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Os astronautas da NASA Suni Williams e Butch Wilmore Joe Skipper/REUTERS

A Starliner passou a simbolizar as lutas da Boeing para competir com novos rivais espaciais como a SpaceX, que lançou a sua primeira missão tripulada com a nave Crew Dragon em 2020 – desde então, a empresa de Elon Musk já realizou vários voos tripulados à ISS.

Uma tentativa, em 2019, de enviar uma nave Starliner sem tripulação para a ISS durante uma semana falhou, com a cápsula a regressar à Terra vários dias mais cedo, devido a problemas de software e de engenharia. Em 2022, a Boeing fez uma segunda tentativa bem-sucedida de lançar a Starliner para a ISS numa missão não tripulada.

Assim que obtiver a certificação de segurança para voar, prevê-se que a nave Starliner efectue seis missões com astronautas da NASA. A cápsula, de cinco metros de altura e 4,6 metros de diâmetro, é reutilizável (com um limite de até dez utilizações) e tem capacidade máxima de sete pessoas, embora as missões tripuladas encomendadas pela NASA no âmbito deste programa tenham normalmente quatro ou cinco passageiros.

Segundo o The Washington Post, os obstáculos que a Boeing enfrentou durante o desenvolvimento do programa custaram à empresa mais de 1500 milhões de dólares em encargos e à NASA cerca de 325 milhões de dólares.

O jornal norte-americano nota que a nave espacial Starliner da Boeing, concebida ao abrigo de um contrato de 4200 milhões de dólares com a NASA, “sofreu uma série de problemas que atrasaram o seu lançamento com astronautas durante anos”.

“O computador de bordo falhou durante o primeiro voo de teste. Um segundo voo de teste foi cancelado depois de as válvulas do módulo de serviço do veículo terem ficado presas e não funcionarem. Depois de a nave ter finalmente efectuado uma missão de teste com sucesso sem ninguém a bordo, a Boeing descobriu que a fita utilizada como isolamento dos cabos no interior da cápsula era inflamável e teria de ser removida. O sistema de pára-quedas também teve problemas, o que obrigou a empresa a redesenhar e a reforçar uma ligação entre os pára-quedas e a nave espacial”, especifica o jornal.

Os problemas detectados no sistema de pára-quedas obrigaram a adiar a missão, no ano passado, quando faltava um mês e meio para a descolagem, marcada para 21 de Julho.

O sucesso desta missão da Boeing significará, portanto, que a NASA terá um segundo fornecedor, depois da SpaceX, para o transporte de missões tripuladas e de carga até à ISS, com o lançamento a surgir uma década depois dos contractos assinados com as duas empresas em 2014.

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