Montreux e o lago Genebra

É muito agradável passear a pé nas margens do lago sobretudo nos dias soalheiros. A água é clara e transparente, deixando à vista as lapas que se agarram às rochas. Cheira a peixe fresco.

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Lago Genebra Maria Goreti Catorze
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A Suíça é a Suíça, sobre isso não há grande coisa para acrescentar: o país dos Alpes, dos lagos, dos comboios, dos bancos offshore, dos relógios, do chocolate e das casas de saúde (como o sanatório de A Montanha Mágica do Thomas Mann). Montreux, uma das suas comunas, é uma espécie de reduto turístico da Belle Époque. Fica a uma hora e meia de comboio de Genebra, na margem Norte do lago Genebra (ou Genéve, ou Léman, como se lhe queira chamar).

No Inverno, os passeios de barco no lago estão suspensos, mas, no Verão, são uma atracção turística. Por curiosidade, a imperatriz Sissi foi assassinada em Genebra na fila para o vapor com destino a Montreux. Viajava anónima, vestida de preto, com a sua dama de companhia. A lima dum anarquista atravessou-lhe o tórax sem que ninguém se tivesse apercebido de imediato. Montreux foi também o local onde a célebre Elis Regina deu um concerto em 1979 no famoso festival de jazz da cidade.

Ambas eram mulheres belas, frágeis e infelizes. Morreram precocemente mergulhadas numa aura de tragédia pessoal. Será misógino dizer que todas as mulheres belas são infelizes? Para já, parece-me apenas factual. O Freddy Mercury também passou por Montreux. Tem até uma estátua na beira do lago.

Voltemos à viagem de comboio: do lado esquerdo, as vinhas de Lavaux; do lado direito, a imensidão da água com os montes nevados dos Alpes em fundo.

A cidade propriamente dita é pequena, construída no declive que sobe para a encosta. A Avenue des Alpes é uma rua plana de nível intermédio: dum lado está a estação de comboios, do outro o Grand Hotel Suisse Majestic, construído em 1870. Na recepção está um português, o que não é de admirar porque 10% da população activa da Suíça é portuguesa. É um jovem de Gaia, saudoso do Douro e do mar, que não se coíbe de falar com os clientes seus conterrâneos na língua materna.

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Já passou o tempo em que os hotéis suíços não pediam bilhete de identidade aos hóspedes. A Suíça é um país de ordem, mas avesso à bisbilhotice pública e privada. As escadas de acesso aos quartos estão do lado de fora do guarda-vento que dá acesso à recepção e às salas de refeições ou de reunião. Imagino clientes discretos entrando e saindo com malas de dinheiro secreto, num vai e vem de mistério.

Há muitos outros hotéis modernistas em Montreux. Talvez o mais glamouroso e preservado seja o Hotel Fairmont Le Montreux Palace, com os seus salões imponentes e a sua patine nostálgica.

É muito agradável passear a pé nas margens do lago sobretudo nos dias soalheiros. A água é clara e transparente, deixando à vista as lapas que se agarram às rochas. Cheira a peixe fresco. Do lado oposto, os montes sobressaem por entre as nuvens. Tudo transmite beleza e serenidade interior por ali.

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Castelo de Chillon Maria Goreti Catorze

A grande atracção histórica da região, e da Suíça em geral, é o Castelo de Chillon. Foi erigido num rochedo à beira do lago Genebra. Visitá-lo é uma espécie de guião cinematográfico pela Idade Média, tal a precisão arquitectónica com que foi restaurado. Chega-se lá facilmente de transporte público: o eléctrico 201 circula desde o funicular de Vevey até à gare de Villeneuve, passando por Montreaux e pelo castelo.

Em três dias, houve sol, nuvens, chuva e nevoeiro. Só não estava frio nem nevou…. Pronto, lá vem o problema do aquecimento global outra vez. Então a Suíça já não é a Suíça?!

Maria Goreti Catorze (texto e fotos)

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