Ressonâncias

Poesia Pública é uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto comissariada por Jorge Sobrado e José A. Bragança de Miranda. Ao longo de 50 dias publicaremos 50 poemas de 50 autores sobre revolução.

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A madrugada chegou ainda era noite
e abriu as pálpebras para a liberdade.

Às janelas assomaram os primeiros rostos
visitando o bulício da rua
que encheu subitamente
o sangue de novidade.

E depois a manhã por inteiro veio
– do resto da noite ocular –
transformar-se em caule
que alimentará o tempo a vir
e muitas canções.

E vou,
que a calçada é agora
as sobras de duas noites
onde, sem esforço, escolho uma:
a mais breve e nítida
como o fim de um clarão.

E já no centro da praça
– que é mais carne que pedras –
dou o primeiro beijo sem medo
apenas corpo para outro dia

em liberdade.


Luís-Cláudio Ribeiro. Nasce em 1961 numa aldeia (Alcongosta) do concelho do Fundão. Ali mesmo às portas da Gardunha. Foi estudar para Lisboa e por lá ficou e foi pai. É professor universitário e autor de mais de uma dúzia de obras, da poesia ao ensaio. Ainda não se reformou de nada.

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