África será a região onde mais se vai falar português no futuro

Continente tem população demograficamente mais jovem, justifica o fundador do Observatório de Língua Portuguesa. “O futuro está nas pessoas, nos jovens, por isso está em África”, diz Francisco Ramos.

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Exposição A língua Portuguesa em Nós, no Maat, em 2018 Nuno Ferreira Santos
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O fundador do Observatório de Língua Portuguesa (OLP), Francisco Ramos, declarou à Lusa que considera que o português será mais falado em África do que no Brasil, futuramente, porque o continente africano é demograficamente mais jovem e está em expansão.

Para Francisco Ramos, o português é uma língua estratégica de comunicação internacional e classifica-a como sendo a quarta língua estratégica mais utilizada - atrás do inglês, mandarim e espanhol - muito graças ao Brasil e a África, cujo crescimento se vai acentuar nos próximos anos.

"O futuro está nas pessoas, nos jovens, por isso está em África, que tem uma população jovem e em crescimento demográfico. Assim, em 2100, como Angola e Moçambique acompanham estes fenómenos, vão impulsionar o número de falantes de língua portuguesa, sendo que esta língua já é a mais falada no hemisfério sul", disse o fundador do Observatório da Língua Portuguesa (OLP).

De acordo com Francisco Ramos, ter vários modos de se falar a língua é uma vantagem, mas o sistema educativo deve ser reforçado nestes países, "cujo crescimento é muito grande", pois "é com a educação formal de cada país que se pode impor uma correcção linguística, que é fundamental".

Todavia, referiu que como segunda língua o português não tem uma grande expressão e que só "as línguas maternas são produtoras de cultura".

O OLP, fundado em 2008, é uma associação "com grande espírito de missão para promover o uso, o estatuto e a imagem da língua portuguesa como língua de comunicação internacional", contextualizou Francisco Ramos.

"Nós, de uma maneira simples, pretendemos fazer lobbying. Nós não somos especialistas, nós socorremo-nos de especialistas, procurando o que há de melhor, e, para isso, temos acordos com a agência Lusa, que é fundamental para uma boa informação sobre a língua portuguesa, e com grandes empresas, nomeadamente a Priberam", disse.

Além destas parcerias com empresas, conta também com a ajuda de "comentadores residentes", como o escritor Onésimo Teotónio Almeida, professor na área dos Estudos Portugueses, e o também professor Marco Neves, perito na promoção e divulgação de curiosidades da língua nas redes sociais, e com especialistas que trabalham em prol do uso correcto da língua portuguesa.

O Dia Mundial da Língua Portuguesa assinala-se a 5 de Maio e o OLP integra "sempre propostas, projectos e actividades da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que é fundamental" para a disseminação da língua.

O Dia Internacional da Língua Portuguesa foi proclamado pela 40.ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), em Novembro de 2019, e comemora-se este ano pela quinta vez.

O português é a quarta língua mais falada no mundo, por mais de 260 milhões de pessoas nos cinco continentes. Em 2050, os falantes da língua portuguesa serão quase 400 milhões e em 2100 serão mais de 500 milhões, segundo estimativas das Nações Unidas.

O Camões, Instituto da Cooperação e da Língua Portuguesa, tem a responsabilidade de gerir o ensino do português em 76 países e de apoiar o funcionamento de 64 cátedras, 54 leitorados, 19 centros culturais e ainda oito centros de língua portuguesa em todo o mundo.