“Não conhecer ninguém interessante” é um dos principais motivos para desistir de apps de encontros

Rita Sepúlveda quis investigar quais os motivos que levam ao abandono das aplicações de encontros. Não satisfazer as necessidades e não conhecer ninguém interessante são as principais.

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Se, à partida, é para conhecer uma pessoa interessante que alguém instala o Tinder ou semelhante, não o conseguir fazer é um dos principais motivos para o abandono das apps de encontros. Esta é uma das conclusões do estudo Unmatching Dating Apps: Motives for Disconnection, da investigadora Rita Sepúlveda, que inquiriu 349 pessoas e concluiu que 41% delas se desconectavam por esse motivo.

A investigadora, também autora do livro Swipe, Match, Date, que dá dicas sobre como navegar (e ter sucesso) nas apps de dating, quis entender o que leva as pessoas a desistirem destas aplicações. Percebeu que os motivos podem “ser cumulativos e mudar ao longo do tempo”, e que se relacionam sobretudo com as “experiências dos utilizadores” (45% apontou motivos desta natureza), onde se inserem explicações como: não conhecer ninguém interessante, não satisfazer as necessidades, o mais apontado pelos participantes (63%), não ver nada de novo a acontecer (54%) ou não corresponder às expectativas (51%)

O estudo cita um dos inquiridos, que desvenda o que significa “não corresponder às necessidades”: “Comecei a usar [apps] porque queria conhecer raparigas. Pensei que o Tinder me ia ajudar, mas não ajudou. Depois de várias tentativas, acabei por sair.” Outro refere: “Quando comecei a usar, estava muito entusiasmado, mas o tempo foi passando e acabei por me limitar a fazer swipe. Não conseguia encontros. Perdi o entusiasmo para usar.”

Também o ghosting é mencionado. A prática de desaparecer sem dar qualquer explicação é uma espécie de “fatalidade para quem o experiencia”, lê-se no estudo. Esta é uma das coisas que Rita Sepúlveda aconselha a nunca fazer: as repercussões na auto-estima do outro podem ser devastadoras.

O segundo motivo apontado relaciona-se com as “características das apps” – Tinder, Bumble e Badoo foram as aplicações avaliadas. Aqui, inserem-se explicações como não gostar do “funcionamento em geral” (59%) mas também o “sistema de matching pouco claro” (40%). E há motivos mais simples e até óbvios: 113 pessoas disseram ter-se cansado; 118 começaram um relacionamento.

Menos apontadas, mas ainda assim referidas, são as preocupações com a privacidade: 25 pessoas referiram não querer partilhar dados com a app, 61 referiram que não queriam que outras pessoas os vissem nessas mesmas apps.

Analisadas as respostas e depois de 20 entrevistas, Rita Sepúlveda concluiu que “as aplicações de encontros são vistas como complementares e não como uma forma exclusiva de conhecer pessoas”. Mais ainda, “algumas especificidades relacionadas com as ferramentas das apps (o sistema de matching, as limitações do chat) continuam a ser identificadas como razões para desconectar, e as mesmas que tornam o uso da app ‘viciante’, são também as que impactam o bem-estar dos utilizadores, levando ao abandono”.

A investigadora salvaguarda, contudo, que este abandono não deve ser visto “de forma isolada do contexto da vida quotidiana ou desintegrada de outras redes sociais e tecnologias”. Ainda assim, a investigadora concluiu também que os inquiridos “estão cientes da possibilidade de se reconectarem sempre que quiserem ou precisarem”.

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