Desconstruindo masculinidades através dos X-Men: os jovens em centros educativos em Portugal

Assim como os mutantes são frequentemente marginalizados e discriminados, muitos jovens em centros educativos enfrentam o estigma e a exclusão.

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Megafone P3 Daniel Rocha
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Nos corredores e pátios dos centros educativos em Portugal, onde as identidades juvenis se moldam e se confrontam, podemos pensar numa metáfora poderosa que ecoa: a metáfora dos X-Men. Estes personagens fictícios, marcados pela sua diferença e ostracização pela sociedade, oferecem um prisma possível de interpretação das dinâmicas de masculinidade entre os jovens.

Num país onde as normas tradicionais de masculinidade ainda persistem, estes (e outros) jovens enfrentam ainda a pressão para se conformarem a estereótipos rígidos de virilidade e força. No entanto, ao explorar a metáfora dos X-Men, podemos encontrar um caminho possível para desafiar e desconstruir essas expectativas.

Assim como os mutantes da saga, os jovens em centros educativos frequentemente se vêem como diferentes, seja pela sua origem socioeconómica, lugar de pertença, orientação sexual, identidade de género ou outras características que os colocam à margem da norma. Essa experiência de alteridade coloca-os muitas vezes em conflito com as narrativas dominantes de masculinidade.

O líder carismático dos X-Men, o Professor Xavier, representa uma forma alternativa de masculinidade: uma que valoriza a empatia, a inteligência e o compromisso com o bem comum. Em contraste, o antagonista Magneto encarna uma masculinidade mais tradicional, baseada na força bruta e na busca pelo poder. Essa dicotomia reflecte os diferentes caminhos que os jovens podem seguir ao confrontarem as pressões sociais para se conformarem a determinados modelos de masculinidade.

No entanto, a verdadeira essência dos X-Men reside na diversidade dos seus membros. Cada mutante possui poderes únicos e uma história de vida singular. Mas todos estão unidos por um objectivo comum: proteger um mundo que muitas vezes os rejeita. Da mesma forma, os jovens em centros educativos podem encontrar força na sua diversidade, reconhecendo que não precisam encaixar-se num modelo único de masculinidade para serem valorizados e respeitados.

A metáfora dos X-Men oferece, ainda, uma oportunidade para explorar questões de inclusão e aceitação. Assim como os mutantes são frequentemente marginalizados e discriminados, muitos jovens em centros educativos enfrentam o estigma e a exclusão. Ao abraçar a diversidade e promover um ambiente de respeito mútuo, podem ser criados espaços onde todos os jovens se sintam validados e incentivados a serem eles mesmos.

À medida que navegamos por um mundo em constante mudança, é crucial repensar as narrativas de masculinidade que moldam as experiências dos jovens. A metáfora dos X-Men desafia-nos a questionar as normas estabelecidas e a valorizar uma visão mais inclusiva e cuidadora da masculinidade. Ao fazer isso, podemos contribuir para uma sociedade mais justa e equitativa para as gerações futuras. Esse questionamento levou-nos a investigar e a desenvolver um programa sobre masculinidades, empatia e não violência. Sobre Vidas em Suspenso e Entre Lugares, sobre poderes e super-poderes que serão apresentados ao público a partir de 6 de Maio, em Coimbra.

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