PIB inicia 2024 como terminou 2023: com crescimento de 0,7%
Variação em cadeia do PIB no primeiro trimestre deste ano foi a mesma que a do quarto trimestre do ano passado. Variação homóloga caiu por causa de efeito-base.
A economia portuguesa manteve, durante o primeiro trimestre deste ano, o mesmo ritmo de crescimento com que terminou o ano passado, com a aceleração do consumo privado a dar um dos principais contributos. A taxa de variação homóloga do Produto Interno Bruto (PIB), contudo, diminuiu.
De acordo com a estimativa rápida das contas nacionais publicadas esta terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB registou no primeiro trimestre deste ano uma variação em cadeia de 0,7%. É o mesmo valor já registado no quarto trimestre de 2023, que na altura representou uma aceleração da economia após seis meses de quase estagnação.
O crescimento de 0,7% nos primeiros três meses do ano era precisamente a previsão feita em Março pelo Banco de Portugal, que, para o total de 2024, antevê uma variação anual do PIB de 2%.
A manutenção da variação em cadeia do PIB conduziu, como seria de esperar, a uma redução da variação homóloga, devido essencialmente a efeitos-base. De facto, no primeiro trimestre de 2023, o crescimento da economia portuguesa foi muito forte (de 1,5% em cadeia) e, por isso, apesar de o ritmo de crescimento em cadeia ser o mesmo que no trimestre anterior, a variação homóloga do PIB baixou de 2,1% no quarto trimestre de 2023 para 1,4% no primeiro trimestre de 2024.
Na estimativa rápida agora divulgada, o INE não dá a conhecer ainda os dados referentes às diversas componentes do PIB. No entanto, assinala que, por um lado, “o contributo da procura externa líquida para a variação em cadeia do PIB passou a positivo no primeiro trimestre, reflectindo a desaceleração das importações de bens e serviços mais acentuada do que a das exportações de bens e serviços”. E que, por outro lado, “o contributo positivo da procura interna diminuiu”. Isto aconteceu num cenário de “redução do investimento”, mas com “uma aceleração do consumo privado”.
Zona euro sai de recessão técnica
Como já era esperado, Portugal continuou, no arranque de 2024, a crescer a um ritmo mais elevado do que a média europeia. Ainda assim, a evolução do PIB da zona euro no primeiro trimestre do ano até acabou por surpreender pela positiva.
De acordo com os dados também publicados esta terça-feira pelo Eurostat, a zona euro registou uma variação em cadeia do PIB de 0,3% nos três primeiros meses deste ano, uma aceleração mais forte do que a esperada pela generalidade dos analistas e que retira a economia europeia da situação de recessão técnica em que, sabe-se agora, se encontrava durante a segunda metade de 2023.
O Eurostat reviu em baixa os dados do PIB do quarto trimestre do ano passado, passando de uma variação nula para uma contracção de 0,1%. Juntando a isso a contracção de 0,1% já registada no terceiro trimestre, chega-se à conclusão de que a zona euro esteve, nos últimos seis meses do ano passado, em recessão técnica, definida como dois trimestres consecutivos de variação negativa do PIB em cadeia.
A contribuir para a retoma agora conseguida esteve o facto de a Alemanha, que no trimestre anterior se tinha contraído 0,5%, ter agora conseguido um crescimento ligeiro de 0,2%.
Entre os países que já divulgaram dados, o que registou um crescimento trimestral mais elevado no início de 2024 foi a Irlanda (cujos dados do PIB são muito voláteis devido à influência dos resultados das multinacionais aí instaladas), com uma variação do PIB de 1,1%. Seguem-se três países do Leste da Europa (Letónia, Lituânia e Hungria), com crescimentos de 0,8%, e Portugal e Espanha, com variações do PIB de 0,7%.
A ritmo mais lento, para além da Alemanha, estiveram as duas outras maiores economias da zona euro: a Itália cresceu 0,3% e a França 0,2%.
De qualquer modo, a ligeira retoma da economia europeia, revelando que a pior fase do actual ciclo económico já pode estar para trás, constitui, a par da manutenção da inflação em Abril nos 2,4%, um argumento para que o Banco Central Europeu (BCE) não tenha muita pressa em descer as suas taxas de juro.
A expectativa generalizada neste momento é a de que, na reunião agendada para 6 de Junho, o BCE realize um primeiro corte de taxas de juro, no valor de 0,25 pontos percentuais, persistindo ainda dúvidas sobre o que irá acontecer nas reuniões seguintes.