Israel diz que há “uma última oportunidade” para um acordo antes de entrar em Rafah

EUA acreditam que “há nova vida” nas negociações para um cessar-fogo em Gaza e para a libertação de reféns. Mas continua muito por definir.

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Israel diz estar pronto para uma ofensiva em Rafah HAITHAM IMAD/EPA
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No dia em que responsáveis egípcios estiveram em Israel para falar sobre os seus esforços de mediação com o Hamas e sobre os planos israelitas para deslocar os 1,5 milhões de palestinianos que se abrigaram em Rafah, foi-lhes dito pelos israelitas que já só estão dispostos a dar "uma última oportunidade" às negociações para chegar a um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns antes de avançarem com a anunciada ofensiva terrestre na cidade situada na fronteira entre a Faixa de Gaza e o Egipto.

De Washington voltaram a chegar palavras de optimismo, com o conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, a assegurar que “há uma nova dinâmica, uma nova vida” nas conversações. “Acredito que há um esforço renovado em curso envolvendo o Qatar e o Egipto, bem como Israel, para tentar encontrar um caminho a seguir", afirmou numa entrevista ao canal de televisão MSNBC.

"Israel disse ao Egipto que está a falar a sério sobre os preparativos para a operação em Rafah e que não vai deixar o Hamas arrastar" mais as negociações, noticiou o site norte-americano Axios. O Canal 12 israelita confirmou que o Governo deixou claro aos egípcios que a mensagem que têm para Yahya Sinwar, líder máximo do Hamas em Gaza, é que só há duas alternativas: "ou um acordo num futuro próximo, ou Rafah".

Quando as Forças de Defesa de Israel (IDF) acabam de anunciar que estão a preparar o envio de duas brigadas de reserva para a Faixa de Gaza, e os sinais de preparativos – incluindo acampamentos recém-erguidos em zonas próximas de Rafah – para a operação se intensificam, o Governo de Benjamin Netanyahu aproveita todos os canais para pressionar o Hamas. Rafah não é só onde os israelitas querem destruir quatro dos seis batalhões que dizem restar ao Hamas – é também nos seus túneis que pensam encontrar Sinwar, que consideram o arquitecto dos ataques de 7 de Outubro.

Depois de o Hamas ter deixado claro que não consegue identificar 40 reféns ainda vivos que caibam nos critérios “humanitários” estabelecidos nas negociações (mulheres, crianças, idosos e pessoas a precisar de cuidados médicos) que libertaria na primeira fase de um acordo (em troca de 400 prisioneiros palestinianos e de um cessar-fogo de várias semanas), a imprensa israelita escreve que as exigências do Governo baixaram para 33 reféns – mas que o Hamas terá sugerido em recentes contactos indirectos que só pode libertar 20.

Ao mesmo tempo, Israel terá já concordado com uma exigência do movimento palestiniano, aceitando que quando for decretada uma trégua as centenas de milhares de pessoas que fugiram do Norte da Faixa de Gaza nas primeiras semanas da guerra poderão regressar às suas casas ou ao que delas restar.

Nada disto significa que Israel e Hamas estejam perto de alcançar algum tipo de acordo, nota o diário The Times of Israel, com o Canal 12 a explicar que Netanyahu aceitou insistir nas negociações e adiar a ofensiva em Rafah por temer que esta faça ainda mais estragos à já frágil reputação internacional actual do país.

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