Aguiar-Branco homenageia quem morreu na Revolução e elogia “reconciliação” de Soares

O presidente da AR relembrou as vítimas do 25 de Abril e refere-se a Mário Soares como "personificação maior de espírito de bom senso e sabedoria"

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José Pedro Aguiar-Branco defende que um dos "grandes mitos" do 25 de Abril é que não houve sangue e lembra os nomes das vítimas da polícia política: Fernando Giesteiro, Fernando Barreiros dos Reis, José Arruda e José Barneto​. Expressa "gratidão" para com as vítimas e os deputados aplaudem de pé a família presente de Barreiros dos Reis.

O presidente da AR lembra também as conquistas de Abril, como a liberdade, a saúde, a educação, a justiça, a separação de poderes e o desenvolvimento. E refere que há outros direitos que "Abril trouxe" que "raramente valorizamos" e que "o poder político tem dificuldade em gerir", o de "exigir mais de quem nos governa" e "de concretizarmos os nossos sonhos individuais".

Hoje, "o país quer mais" e "tem razão", diz, afirmando que essa "pesada herança" do poder político "explica" que existam "portugueses zangados" e "tanta radicalização, tanto populismo". "Devemos culpar os portugueses por isso?, questiona, respondendo: "tenho genuínas dúvidas que a resposta seja mais ideologia, mais guerras culturais" ou "partidarização".

"A desilusão de uns resolve-se com boa governação, a polarização de outros com soluções, acções concretas", defende, apontando que a Assembleia "não pode servir para defender o regime" do Estado Novo nem a democracia, antes para "construir a democracia".

"O primeiro a percebê-lo terá sido Mário Soares", diz, elogiando o socialista por ter sido a "personificação maior de espírito de bom senso e sabedoria" a que "hoje chamamos moderação". Lembrando o seu "respeito pela diversidade de ideias", termina o discurso, pedindo que também no Parlamento haja "respeito pela diferença".