Arte pode ser saída profissional para jovens com dificuldades cognitivas

A cerâmica e a olaria é a última vertente de formação. As peças feitas pelos alunos são vendidas e o valor reverte para a associação. Tal como os produtos agrícolas e alimentares que produzem.

NFS Nuno Ferreira Santos - 16 Abril 2024 - Associacao Semar com ateliers de ceramica e cozinha com jovens com deficiencia
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Associacao Semar com ateliers de cerâmica e cozinha para jovens com deficiencia Nuno Ferreira Santos
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Parte da associação funciona no interior do Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa Nuno Ferreira Santos
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Em média, os jovens ficam três anos a fazer formação na associação Nuno Ferreira Santos
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As peças são feitas pelos alunos com o apoio dos professores Nuno Ferreira Santos
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Associacao Semar tem ateliers de cerâmica, mas também workshops Nuno Ferreira Santos
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A formação dos jovens é certificada e o objectivo é entrarem no mercado de trabalho Nuno Ferreira Santos
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As peças são feitas à mão e, por isso, não são todas iguais Nuno Ferreira Santos
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Os alunos aprendem todo o processo Nuno Ferreira Santos
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Há várias colecções que podem ser compradas online Nuno Ferreira Santos
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A sala da cerâmica fica logo à entrada, do lado esquerdo, do antigo edifício no interior da Tapada da Ajuda, em Lisboa. Na sala há um pequeno grupo de alunos, todos maiores de idade e com algumas deficiências cognitivas, que aprendem afincadamente com os monitores a moldar as peças que, mais tarde, irão ao forno, e que se transformarão em pratos, pequena chávenas ou canecas. Saindo da sala, do lado oposto, ao fundo, ouve-se o barulho de frascos que estão a ser cheios de doce, feito por outros alunos e com produtos da organização Semear, que além desta academia tem uma unidade de produção agrícola biológica, uma mercearia gourmet e explora o restaurante Único, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Voltando à sala de cerâmica, o formador Nuno Mota mostra o trabalho dos alunos. As estantes, que ocupam as paredes da sala, estão preenchidas com peças, muitas já concluídas e que são para venda. Há pratos rasos, pratos fundos, saladeiras, taças, chávenas de café, tábuas de servir com motivos florais, outros com palavras e cores sóbrias. Não há uma peça igual, embora procurem todas obedecer a alguma uniformização. Por isso, são numeradas. A cerâmica e a olaria é a unidade de produção mais recente da associação sem fins lucrativos Semear, explica Assunção Cruz, directora de desenvolvimento, ao PÚBLICO. Existem já várias colecções, mas também podem ser feitos trabalhos por encomenda. Por exemplo, peças comemorativas.

No lobby da Academia há uma mesa que é um mostruário do que ali se faz. Por detrás dessa mesa está um enorme louceiro de madeira, que é uma montra de uma das outras vertentes da associação, a mercearia gourmet. Muitos dos produtos ali expostos foram transformados na cozinha, que fica no mesmo piso, e os ingredientes vieram da unidade de produção agrícola da Semear. Há compotas, biscoitos, azeites, queijos, mostra a responsável. Tudo está à venda, online e em espaços físicos. Também há cabazes de hortícolas, que podem ser comprados, refere Assunção Cruz. "É uma forma de ajudar. Outra é contribuir com o IRS", diz, fazendo referência à possibilidade de se consignar 0,5% do IRS à organização.

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A associação abriu em 2014 com o objectivo de integrar jovens e adultos com Dificuldade Intelectual e do Desenvolvimento (DID) no mercado de trabalho, contextualiza Assunção Cruz. No site da Semear é referido que esta é uma "população com uma taxa de desemprego seis vezes superior à faixa de desempregados na Europa e Portugal". Por isso, a Academia prepara os alunos para a vida activa, mas também tira partido do que estes vão produzindo. Actualmente, cerca de uma centena de jovens estão em formação, que concluem, em média, após três anos.

Depois disso, o objectivo é entrarem no mercado de trabalho. A organização tem protocolos com algumas empresas, mas Assunção Cruz desconhece o número de jovens que são integrados. "Não temos essa informação. Até à data de hoje já empregámos mais de 60 alunos com contrato de trabalho", responde, lamentando que ainda existam dificuldades na integração profissional destes jovens adultos que, na maior parte das vezes, são "trabalhadores exemplares" porque são muito focados e empenhados no que fazem, precisa.

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A Academia procura não só dar ferramentas, a sua formação é certificada e as famílias pagam uma mensalidade consoante os seus rendimentos, mas também ajudar os jovens a viver no dia-a-dia, por exemplo, ensinando-os a andar de transportes públicos e a ser autónomos. Além da aprendizagem da olaria, cerâmica, cozinha, há outras carreiras que estes jovens podem abraçar como no sector agro-alimentar, desde a agricultura à armazenagem e logística; ou no sector da restauração. No restaurante Único — uma parceria com o CCB e o restaurante Este Oeste —​ trabalham ex-alunos. Este é um espaço onde é possível ver todo o trabalho da associação. Além dos trabalhadores, os produtos que chegam à mesa são da exploração da Semear e os pratos, saladeiras e outras peças saíram da oficina de cerâmica, orgulha-se Assunção Cruz.

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