Itália vai deixar que grupos “que apoiam a maternidade” entrem em clínicas de aborto

Estes grupos vão tentar dissuadir as mulheres que querem interromper a gravidez. Os partidos da oposição consideram que este é um ataque ao direito ao aborto, que existe desde 1978.

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O Senado aprovou o projecto de lei que permite a entrada de grupos antiaborto em clínicas públicas de aconselhamento familiar Reuters/ Yara Nardi
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O Senado italiano deu a luz verde final, esta terça-feira, a um plano polémico do Governo que permite a entrada de grupos que "apoiam a maternidade" nas clínicas de aborto para tentar dissuadir as mulheres que querem interromper a gravidez.

O partido Irmãos de Itália, da primeira-ministra Giorgia Meloni, anexou a proposta numa alteração a um projecto de lei para a utilização dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) europeu, que inclui um capítulo dedicado ao sector da saúde.

Meloni é antiaborto, mas prometeu, durante campanha para as eleições legislativas de 2022, que, apesar das suas convicções pessoais, não iria alterar a legislação existente sobre o assunto.

O Senado aprovou o projecto de lei que permite a entrada de grupos antiaborto em clínicas públicas de aconselhamento familiar por 95 votos a favor e 68 contra, numa moção de confiança.

Na semana passada, o projecto de lei obteve uma primeira luz verde na Câmara dos Deputados, o que suscitou fortes críticas dos partidos da oposição, que o consideraram um ataque ao direito ao aborto, que existe desde 1978.

O partido de Meloni afirma que a nova disposição tem apenas como objectivo dar às mulheres uma oportunidade de reflexão antes de tomarem uma decisão final sobre a sua gravidez, e não interfere com os seus direitos.

As clínicas de aconselhamento familiar, que fazem parte do serviço nacional de saúde, oferecem às mulheres apoio e serviços no domínio da saúde sexual, da gravidez e da maternidade, incluindo consultas e receitas médicas.