Bordallo II transforma a campa de Salazar numa caixa de medicamentos para a liberdade

A obra foi deixada no cemitério de Santa Comba Dão, em Viseu. Os comprimidos são “para o bem-estar de todos” e têm como finalidade “combater a opressão”.

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Obra de Bordallo II mostra "probiótico antifascista" em cima da campa de Salazar DR
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A poucos dias dos 50 anos do 25 de Abril, a nova obra do artista português Bordallo II é sobre a liberdade.

Desta vez, o artista colocou uma grande caixa de medicamentos no cemitério do Vimieiro, em Santa Comba Dão, Viseu, em cima da campa de António de Oliveira Salazar. Não nos podemos distrair e tomar a liberdade como um bem adquirido. Pelo contrário, temos que defendê-la e exercitá-la todos os dias. O 25 de Abril serve também para nos lembrarmos disto, escreveu.

Os comprimidos, identificados como um “probiótico antifascista”, são “para o bem-estar de todos”, são gratuitos e aconselha-se “uma dose diária para a democracia”, lê-se. Cada caixa tem 50 comprimidos, um por cada ano de democracia, sendo que o objectivo é combater a opressão. E, já agora, se não cuidamos da nossa democracia, é enterrada que ela acaba, acrescenta.

Além da campa de Salazar, a nova instalação de Bordallo II está também na Mealhada, em Aveiro, desta vez na forma de cartaz publicitário, ao lado de uma pintura de um pica-pau feita pelo artista.

Bordallo II mostrou a obra no Instagram na segunda-feira, 22 de Abril, acompanhado da legenda “25 de Abril Sempre”.

No cartaz, mais abaixo da caixa comprimidos, está uma definição da palavra "liberdade": “grau de independência legítimo que um cidadão, um povo ou uma nação elege como valor supremo, como ideal”. O fundo da imagem é um cravo.

Bordallo II é conhecido por recorrer à arte como forma de activismo. Em Novembro, a propósito da guerra de Israel em Gaza, pintou a escadaria junto à estação de comboios de Belém, em Lisboa, com as cores da bandeira da Palestina “manchadas de sangue”.

Em Setembro, com “Desalojamento Local", montou tendas na zona histórica da capital para criticar a crise da habitação. Uma das mais conhecidas, no entanto, foi instalada em Julho, a poucos dias do início da Jornada Mundial da Juventude, quando desenrolou um tapete de notas de 500 euros na escadaria do palco principal do Parque Tejo.

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