Invasões, agressões e expulsões: assim acabou o Desp. Chaves-Estoril

Um adepto local invadiu o campo para confrontar Marcelo Carné. O guarda-redes brasileiro reagiu e foi expulso, tal como um dos seus colegas. E o Desp. Chaves, a jogar contra nove, empatou.

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Marcelo Carné, guarda-redes do Estoril PEDRO SARMENTO COSTA / LUSA
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Em Trás-os-Montes, lutava-se pela manutenção na I Liga. O último classificado, Desportivo de Chaves, perdia em casa com o Estoril (1-2), 15.º, e já estávamos em tempo de compensação. Com a bola em jogo, um adepto da casa entrou no relvado, dirigiu-se a Marcelo Carné, guarda-redes dos visitantes. O brasileiro reagiu, confrontou o adepto e, de imediato, gerou-se uma confusão junto à baliza, envolvendo adeptos, jogadores das duas equipas, dirigentes e forças de segurança.

O jogo esteve parado mais de dez minutos, período em que o árbitro Nuno Almeida expulsou dois jogadores do Estoril, Carné e Pedro Álvaro, por se terem envolvido directamente nos confrontos – o guarda-redes atirou o adepto ao chão, enquanto o central deu um pontapé a outro dos adeptos invasores.

O jogo acabaria por ser reatado para os últimos minutos e o Desportivo de Chaves, a jogar com mais dois, acabaria por empatar este jogo a contar para a 30.ª jornada, com um golo de Hélder Morim aos 90+20’. E já não houve tempo para mais. Segundo fonte da Polícia de Segurança Pública (PSP) de Chaves, seis adeptos foram detidos na sequência dos confrontos.

"Estoril não pode aceitar o que se passou"

Após o final do jogo, o presidente da SAD estorilista, Ignacio Beristain, lamentou os confrontos e considerou que o jogo devia ter terminado quando se deu a invasão de campo. "Lamentavelmente, não estamos aqui para falar de um jogo de futebol. Lamentavelmente, [fazemos esta declaração] pelo que sucedeu no final do jogo, [quando] adeptos invadiram o relvado e agrediram os nossos jogadores, no campo", começou por dizer Ignacio Beristain, numa declaração feita aos jornalistas.

"Os nossos jogadores, ao defender-se da agressão, foram expulsos pelo árbitro. Todos os que estávamos aqui, vimos que não havia condições para [continuar] o jogo, já se tinha cumprido o tempo regulamentar, havia jogadores do Estoril Praia que foram agredidos no relvado, pelo que pedimos ao árbitro para suspender o jogo, mas, como viram, decidiu-se continuar num [contexto] em que não estava para se jogar futebol e, quem foi agredido, sofreu o prejuízo", afirmou o responsável "canarinho".

Por todos estes motivos, Beristain reiterou não poder aceitar a decisão do árbitro Nuno Almeida, afirmando que o Desportivo de Chaves saiu beneficiado desta situação. "Quem agrediu em Chaves ganhou vantagem. Somos gente do desporto, aceitamos sempre, sempre, os resultados, sabemos ganhar e sabemos perder. Hoje, não posso pedir aos adeptos, aos jogadores [que aceitem], o Estoril Praia não pode aceitar o que se passou", concluiu.

Desp. Chaves fala em "provocações"

Do lado flaviense, começou por falar o treinador-adjunto Luís Morgado, que não se apercebeu bem do que aconteceu. "Nós só vimos a confusão e a pessoa a entrar. Não nos apercebemos do que é que aconteceu. Depois tentámos ainda ir a acalmar, mas isso acho que não é o importante", referiu o técnico à Sport TV. "Acho que é importante falarmos do jogo. É para isso que serve a flash, não é?", disse. E, depois, falou do jogo.

Horas mais tarde, a direcção do clube transmontano e a SAD tomaram posição, lamentando "profundamente" o sucedido, mas apontando ao mesmo tempo o dedo a um dos jogadores adversários. "Condenamos veementemente tudo o que se passou, que nasceu das sucessivas provocações que Marcelo Carné, guarda-redes do Estoril Praia, fez para os nossos adeptos presentes [na bancada] Topo Sul", reiteraram.

De resto, os responsáveis do Desp. Chaves mostraram-se, ainda, "totalmente disponíveis" para colaborar com as entidades competentes.

Sindicato: "Não pode ser tolerado"

Quem também já se pronunciou sobre os incidentes foi o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, mostrando-se solidário com os atletas do Estoril.

"Esta situação não pode ser tolerada, em especial no principal escalão do nosso futebol, e demonstra os perigos a que os futebolistas estão sujeitos. O Sindicato dos Jogadores confia na acção célere das entidades competentes para a aplicação das medidas que se revelem necessárias ao sancionamento destes adeptos, desde logo a proibição de acesso aos recintos desportivos", pode ler-se num comunicado.

"A tensão gerada e a natural reacção dos jogadores em defesa da sua integridade física devem também ser relevadas na apreciação das consequências que resultam das expulsões dos jogadores Marcelo Carné e Pedro Álvaro", acrescente o organismo liderado por Joaquim Evangelista.