Portugal apoiará todas as iniciativas da UE para condenar o Irão pelo ataque contra Israel

Na estreia em reuniões do Conselho Europeu, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, juntou-se ao apelo à contenção “para não haver uma escalada de violência que não beneficia ninguém” no Médio Oriente.

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Luís Montenegro estreou-se em reuniões do Conselho Europeu OLIVIER MATTHYS / EPA
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Não foi com uma cimeira de crise, mas sim de crises, que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, fez a sua estreia em reuniões do Conselho Europeu, esta quarta-feira, em Bruxelas. “A União Europeia enfrenta desafios extraordinariamente difíceis na frente internacional”, avisou Charles Michel, que recebeu o novo chefe do Governo português umas horas antes do início da reunião. “Portugal desempenhará, como sempre, um papel importante na procura de compromissos e soluções para os desafios geopolíticos que enfrentamos”, estimou.

No jantar de trabalho, os líderes concentraram-se sobretudo num: fazer baixar a tensão no Médio Oriente para evitar um conflito regional, após o ataque sem precedentes lançado pelo Irão contra Israel. “É fundamental que a União Europeia possa desempenhar um papel mais importante para promover a estabilidade no Médio Oriente e para apoiar a lei internacional”, referiu o presidente do Conselho Europeu.

Desta vez, Charles Michel não precisou de vestir o fato de mediador, e gerir diferentes posições e expectativas entre os 27: todos concordam que se deve enviar um sinal político claro ao Irão, através de um reforço das sanções aplicadas ao país; todos repetem o mesmo apelo à contenção de Israel no caso de uma resposta directa contra Teerão – ou indirecta, contra algum dos seus proxies.

“Em primeiro lugar, é preciso condenar o ataque que o Irão desferiu contra o Estado de Israel, e ao mesmo tempo apelar à contenção por parte de uma eventual reacção de Israel, por forma a não haver uma escalada de violência que não beneficia ninguém”, declarou Luís Montenegro, à entrada para a reunião. O primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, quis passar uma mensagem ainda mais incisiva para Israel: “O mais importante agora é pedir-lhes que não ataquem, porque temos de desanuviar a situação”, afirmou.

O primeiro-ministro recordou que Portugal foi dos primeiros países a repudiarem o ataque iraniano contra o Estado hebraico, e afirmou que está preparado para apoiar as iniciativas que a União Europeia considerar adequadas para “sinalizar” a sua condenação. Para o chanceler austríaco, Karl Nehammer, “devem ser examinadas todas as formas possíveis de reforçar as sanções” que o bloco adoptou contra o Irão, no quadro das medidas contra a Rússia após a invasão em larga escala da Ucrânia, e no âmbito do regime dos direitos humanos.

“O nosso dever é alargar estas sanções, mas garantir que se centram no regime de Teerão”, observou o Presidente de França, Emmanuel Macron, que é “a favor de sanções que possam visar todos aqueles que ajudam a fabricar os mísseis e drones que foram utilizados no ataque a Israel, e que também são utilizados na Ucrânia”. Uma discussão que vai prosseguir, na próxima semana, quando os ministros da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da EU se reunirem no Luxemburgo. Até lá, disse Montenegro, “é prematuro” estar a anunciar medidas.

Como habitualmente, antes da ronda pela mesa para as intervenções dos líderes, o presidente do Conselho Europeu deu a palavra ao Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que entrou logo no espírito do debate, referindo-se aos últimos desenvolvimentos no Médio Oriente. “Aqui na Ucrânia, na nossa parte da Europa, infelizmente não temos o nível de defesa que todos vimos há alguns dias em Israel, que graças ao poder combinado dos aliados, conseguiu abater quase todos os mísseis e drones iranianos”, lamentou, sublinhando que “o céu ucraniano merece a mesma segurança”.

“Estamos convencidos que é preciso proteger a Europa dos mísseis balísticos e dos shaheds, dos mísseis de cruzeiro e das bombas, como aconteceu nos céus de Israel e de outros países da região. A capacidade de nos defendermos contra o terror russo não serve só a Ucrânia, mas todos vós”, assinalou, agradecendo ao chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, o envio de mais um sistema de defesa aérea Patriot.

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