André Villas-Boas: “Somos um movimento imparável”
Candidato apresentou os três homens escolhidos para liderarem área jurídica, de negócio e a pasta das operações do grupo. “Os sócios deixaram de ser prioridade”, acusa Tiago Madureira.
André Villas-Boas apresentou, esta quinta-feira, três nomes para a direcção executiva que pretende levar para o FC Porto em caso de vitória eleitoral. José Luís Andrade, membro da liderança da Associação Europeia de Clubes e antigo advogado no Tribunal Arbitral do Desporto na Suíça, será o responsável pela área jurídica. João Borges será o responsável pela área de operações, depois de fazer parte da Deloitte e de uma passagem de oito anos pelo Banco Carregosa. Por último, Tiago Madureira, antigo responsável do marketing do Sp. Braga e da Liga Portugal, assumirá as áreas de negócio e expansão internacional.
"Há vários anos que acompanho o André em outras áreas, mas, quando surgiu este convite, não hesitei por um segundo. Primeiro, pela oportunidade de servir o FC Porto e depois por fazer parte de uma equipa de profissionais que querem trabalhar pelo clube. Este, sim, é o projecto da minha vida", explicou João Borges, quando questionado sobre as razões para aceitar o convite de Villas-Boas. Já o jurista José Luís Andrade diz que "não estava nos planos regressar à actividade em Portugal", mas o diagnóstico feito pelo ex-treinador à situação actual do clube impulsionou o "sim". Já Tiago Madureira adianta uma "partilha total da visão e valores que André Villas-Boas quer trazer para o clube".
O FC Porto vai a eleições no dia 27 de Abril, acto eleitoral que se afigura o mais concorrido na história dos "dragões". Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente portista há 42 anos, recandidata-se a um 16.º mandato, mas encontra, pela primeira vez em quatro décadas, oposição de peso que ameaça uma vitória nas urnas.
No discurso que abriu a apresentação, André Villas-Boas voltou a mencionar a necessidade de mudança do clube, intenção que será abraçada também pelos três candidatos à direcção executiva. “Urge planeamento, visão e projecto, uma gestão eficaz, operante, dedicada, trabalhadora e desprendida de todo e qualquer interesse alheio”, afirmou o ex-treinador, classificando a candidatura como "um movimento imparável" que quer "dar voz" aos sócios portistas.
Neste tema, Tiago Madureira diz que os sócios "deixaram de ser uma prioridade", prometendo o regresso de várias iniciativas do clube perdidas com o tempo. Entre os eventos enunciados, conta-se o tradicional "treino aberto" de dia 1 de Janeiro, reunião capaz de mobilizar dezenas de milhar de portistas até ao Estádio do Dragão.
Villas-Boas garantiu ainda que não existe um plano B para o lugar de Sérgio Conceição caso o treinador recuse manter-se no cargo. "Aproveito para refutar as notícias que têm vindo a público [e que anunciavam conversas com outros técnicos]", disse Villas-Boas, reiterando que falará com o actual técnico portista se for eleito.
Já sobre o cargo de director desportivo, após notícias avançarem um alegado convite a Andoni Zubizarreta, André Villas-Boas aponta a dia 18 de Abril, data em que apresentará o nome para liderar o futebol: "Trabalhei com o Andoni, é uma pessoa pela qual tenho o máximo de respeito. Passou por um dos melhores períodos do Barcelona, como sabem. O Barça também tem um pouco deste vínculo e ADN como o FC Porto, é um clube cheio de valores e de cultura. Portanto, vamos aguardar pelo dia 18 para as respostas."
Eleições a 27 de Abril
Depois de, em 2010-11, ter ajudado a equipa principal a vencer quatro títulos numa só época enquanto treinador, André Villas-Boas ambiciona agora uma nova "cadeira de sonho" no Dragão. Após alimentar a ideia nos últimos meses, o candidato puxou do gatilho em Janeiro passado. Elogiando o papel de Pinto da Costa na história do clube, chamando-lhe "o presidente dos presidentes", o candidato critica ferozmente a gestão dos últimos anos, acusando o FC Porto de estar refém de interesses alheios ao clube.
Poucos dias após André Villas-Boas avançar, Pinto da Costa e também apresentou uma candidatura. O dirigente acusa o adversário de ser comandado por personagens com interesses nos negócios televisivos, deixando a ideia de que Villas-Boas não apresenta ideias próprias, mas sim o que lhe mandam dizer.
A estes dois nomes junta-se ainda o empresário Nuno Lobo, novamente candidato nas eleições do FC Porto depois de ter conseguido uma votação de 4,91% nas eleições de 2020.