Deputados franceses experimentam dores do período antes de votar licença menstrual
Os deputados afirmaram que o simulador os fez reflectir sobre as dores menstruais e deram a entender que a licença menstrual de 13 dias por ano vai ser aprovada.
Enquanto o Governo francês discute se aprova ou não a licença menstrual para quem tem fortes dores durante o período, Sébastien Peytavie, deputado da esquerda e promotor da proposta, lançou uma campanha nas redes sociais para mostrar aos colegas homens o que sentem as pessoas que menstruam todos os meses.
Num vídeo publicado no X (antigo Twitter), o deputado do Génération·s submeteu vários colegas de partidos de direita e esquerda a um simulador de dores menstruais. Colocou-lhes uma faixa à volta da cintura que funciona através de electroestimulação e pediu-lhes para lerem os motivos na origem da licença médica menstrual de 13 dias por ano.
“Em França, uma em cada duas mulheres sofre de períodos dolorosos. Esta dor pode por vezes ser semelhante à de um ataque cardíaco”, lê-se no vídeo.
Os deputados que se voluntariaram a fazer o teste viram-se obrigados a colocar a mão na barriga quando sentiam as dores ou a encostar-se à parede. “É uma dor particular”, comentou Pierre Cordier, do partido conservador Os Republicanos.
Segundo o vídeo, em França, 15,5 milhões de mulheres entre os 13 e os 50 anos sofrem de fortes dores menstruais, mas, por enquanto, apenas algumas empresas aceitaram atribuir este tipo de licença aos funcionários.
O Governo francês começou este ano a oferecer produtos de higiene menstrual como pensos e tampões gratuitos a pessoas com menos de 25 anos.
Espanha, por outro lado, aprovou a “licença menstrual” para quem sofre de períodos dolorosos em 2023, ano em que também passou a distribuir gratuitamente produtos de higiene menstrual de uso único em escolas.
Segundo o La Vanguardia, depois do teste, o deputado de centro-direita Erwan Balanant (Movimento Democrático) deu a entender numa declaração a um canal de televisão francês que a licença será aprovada, mas defendeu que são necessárias mais soluções além de 13 dias de licença por ano, nomeadamente “condições para que possam trabalhar sem sofrimento”. Até à data, nada foi decidido.
Em 2022, o PAN propôs a criação de uma licença menstrual de “até três dias”, mas o Parlamento acabou por chumbar a proposta com votos contra do PS, PSD, IL e Chega. No entanto, esta mesma licença já existiu em Portugal entre os anos 1980 e 2009, ano em que o Código do Trabalho a aboliu, conforme noticiou o PÚBLICO.
Antes desta revisão, as mulheres tinham direito a dois dias de licença não remunerada mediante justificação.