Puigdemont diz que abandona a política, se não for eleito e deixa aviso ao Governo do PSOE
O eurodeputado adverte que faz “pouco sentido” apoiar o Governo, se “a sua opção na Catalunha” colocar “obstáculos” à vontade dos catalães.
O candidato da Juntos Pela Catalunha (Junts), Carles Puigdemont, às eleições na Catalunha, a 12 de Maio, declarou que não permanecerá na oposição, se não conseguir recuperar a presidência da Generalitat, anunciando que só regressará à Catalunha para a investidura.
“Uma pessoa que tenha sido presidente da Generalitat não pode estar no Senado ou no conselho de administração de uma grande empresa. E, para isso, existe uma lei que prevê que, como ex-presidente, é preciso ter certas condições para poder ser politicamente activo. Não me vejo, de todo, como líder da oposição”, explicou numa entrevista à rádio catalã Rac1.
Para Puigdemont, o acto de regresso “de uma presidência que foi ilegalmente destituída deve ser mais sobre o país do que sobre o partido”, razão pela qual excluiu a possibilidade de regressar no contexto da campanha eleitoral, mesmo que a amnistia entre em vigor e os mandatos de captura anulados.
“O regresso não pode ser um acto ao serviço de uma estratégia eleitoral, nem um acto de provocação ou um hooliganismo para tirar uma selfie em Figueres [município catalão] e depois regressar a Perpignan [cidade francesa a poucos quilómetros da fronteira com Espanha]”, explicou o antigo presidente catalão, que também disse que deixará a política activa, se não for investido como presidente.
Referiu-se também à decisão do Supremo Tribunal de o convocar para testemunhar no processo “Tsunami Democrático” após as eleições, sublinhando que “deveria ser letra morta”, porque a Lei da Amnistia terá entrado em vigor, disse.
Aviso ao PSOE
Enquanto aguarda a correlação de forças que surgirá depois das eleições de Maio, Puigdemont tem procurado “reconstruir” a maioria pró-independência, deixando claro que não procurará estabelecer um pacto com o Partido Socialista da Catalunha (PSC) e acredita que os socialistas também não procurarão fazer um pacto com ele.
“A maioria parlamentar deve assentar num compromisso claro para culminar o que começámos em 2017”, defendeu o candidato do Junts, deixando ainda um aviso ao PSOE. “Não faria muito sentido apoiarmos o Governo, se a sua opção na Catalunha tentasse bloquear a vontade dos catalães”, declarou, sem confirmar se este seria o fim da legislatura espanhola. O Junts é um dos partidos que apoiam o Governo minoritário do PSOE a nível nacional.
Debates na campanha com mira nacional
Sobre o pedido do presidente da Generalitat, Pere Aragonès (da Esquerda Republicana da Catalunha), para realizar um debate frente a frente com ele, considera que os independentistas devem “trabalhar lado a lado” e não promover um confronto puramente eleitoral, salientou.
Quando questionado sobre um eventual debate a três com Aragonès e com o candidato do PSC, Salvador Illa, opina que este serviria apenas para falar de questões regionais: “Quero falar de questões nacionais e profundas com quem tem realmente capacidade de decisão. O senhor Illa tem-na? Não, Pedro Sánchez tem-nas, ou Feijóo poderia tê-las.” “Se Pedro Sánchez quiser um encontro directo, estou disponível. Se o sr. Feijóo e o sr. Pedro Sánchez quiserem ter um frente-a-frente, fico muito contente”, acrescentou.
Apesar de tudo, criticou Illa por rejeitar a possibilidade de realizar um debate eleitoral em Perpignan (França), quando o PSOE se reúne “na Suíça” com ele ou acorda outras questões em Bruxelas.