Supremo espanhol intima Puigdemont a testemunhar como suspeito de terrorismo
Ex-presidente catalão chamado a depor à distância em Junho sobre as suas ligações ao movimento Tsunami Democrático.
O Supremo Tribunal de Espanha intimou o ex-presidente catalão e actual eurodeputado do Juntos pela Catalunha, Carles Puigdemont, a depor à distância sobre as suas ligações a um movimento acusado de violar a lei do terrorismo durante os protestos que se seguiram à tentativa falhada de independência da região em 2017.
A juíza Susana Polo fixou as datas provisórias para a audiência por videoconferência entre 17 e 21 de Junho e emitiu uma ordem de investigação europeia para determinar o paradeiro e o endereço legal de Puigdemont, informou o tribunal num comunicado na segunda-feira. Puigdemont vive num exílio auto-imposto na Bélgica.
O caso diz respeito aos protestos de um movimento catalão secreto, o Tsunami Democrático, que organizou manifestações em massa, incluindo concentrações em 2019, que causaram o cancelamento de voos no aeroporto de Barcelona e bloquearam uma estrada para França.
O grupo, que não identifica os seus líderes, afirma que as suas acções foram pacíficas e que a utilização da legislação sobre terrorismo é inadequada. Puigdemont nega ter qualquer ligação com o grupo e considera o caso um exemplo de perseguição política.
O tribunal emitiu a mesma intimação para Ruben Wagensberg, um membro do parlamento regional da Catalunha pelo partido separatista ERC, que se mudou para a Suíça em Janeiro.
Em Novembro passado, o Supremo Tribunal disse que estava a investigar o grupo por suspeita de cometer crimes de terrorismo, e Puigdemont e dez outros por alegadamente desempenharem funções de liderança no movimento.
Puigdemont está a ser processado num caso separado sobre o referendo de 2017 para se separar de Madrid, numa altura em que ocupava o cargo de presidente da Generalitat, e sobre a subsequente declaração de independência que os tribunais declararam ilegal.
O antigo jornalista de 61 anos fugiu para a Bélgica, onde é deputado no Parlamento Europeu, para evitar as acusações de desobediência e desvio de fundos. Em Março, Puigdemont anunciou que iria tentar voltar a liderar a região nas eleições regionais catalãs marcadas para 12 de Maio e que regressaria a Espanha em caso de vitória - mesmo que o mandado de captura contra ele continue em vigor.
No entanto, as acusações contra ele poderão ser retiradas ao abrigo da Lei da Amnistia, que permitiu ao PSOE manter-se no Governo e que prevê perdões judiciais para os políticos catalães envolvidos na organização do referendo de 2017.