Arquitectura
Esta casa foi reconstruída com “pedaços de história” sobre a paisagem de Tondela
Na Casa da Póvoa, a janela abre-se para a paisagem e (quase) tudo o que existe no interior tem mais do que uma função.
A antiga casa era feita de madeira, pedra e cal e não tinha mais do que três pequenas janelas viradas para a rua. Mesmo assim, Lucas Diz, de Tondela, arquitecto responsável pelo projecto, decidiu comprá-la e redesenhá-la para agora a vender. “Fiquei com a casa pela vista e pelo património. Tem um centro, uma igreja, um museu e a praia fluvial perto e pareceu-me interessante”, começa por explicar ao P3.
Para a Casa da Póvoa, optou por trabalhar com as pequenas dimensões que sempre existiram e maximizar todos os espaços e recantos quando possível. A porta de entrada está integrada na fachada, a da garagem é perfurada para, nas palavras do arquitecto, “controlar a privacidade” e, se os proprietários entenderem, facilitar possíveis obras para aumentar a habitação.
No piso superior, todos os elementos foram pensados para terem várias utilizações: os armários da cozinha servem de parede junto às escadas, as portas do quarto, da casa de banho e do frigorífico estão camufladas nos painéis de madeira, a protecção da janela funciona como secretária ou aparador e a mesa de refeições é rebatível.
“A madeira de bambu foi uma das ideias presentes desde início para proporcionar um ambiente acolhedor e de refúgio na zona mais usufruída da casa. Depois temos o vidro espelhado que tem a função estética de reflectir a paisagem e funcional porque o facto de ser espelhado garante-lhe uma eficiência térmica superior,” aponta Lucas Diz.
Os restantes materiais, desde o painel de azulejos da casa de banho pintados à mão, o tecido que reveste a escadaria ou o cor-de-rosa da casa foram escolhidos com base nas tradições de Nandufe e Tondela.
“O que caracteriza este projecto são os apontamentos e os pedaços de história que estão integrados na casa. A madeira representa o contacto com a paisagem, temos aguarelas do centro com a igreja e o museu, a cerâmica é uma das tradições de Tondela e a escada entrançada é uma analogia à cestaria de Nandufe”, destaca o arquitecto do atelier Waataa.
A Casa da Póvoa ficou concluída no início do ano e, segundo Lucas Diz, está à venda por 175 mil euros. “Era capaz de viver ali, mas como estou a fazer outra para mim seria complicado”, conclui.