Depósitos dos particulares deram salto de 2% em Fevereiro
Em Janeiro, mês que registou uma diminuição da taxa de juro média das novas aplicações, a variação anual do stock foi de apenas 0,3%.
O crescimento anual dos depósitos de particulares “acentuou-se” em Fevereiro. A expressão é do Banco de Portugal (BdP), dando conta de que se passou de uma variação anual positiva de 0,3% em Janeiro para 2% em Fevereiro. Com este crescimento, verificado pelo segundo mês consecutivo, e que contrasta com a queda dos Certificados de Aforro (CA), o stock de depósitos de particulares nos bancos residentes aumentou 900 milhões de euros face a Janeiro, para 181,4 mil milhões de euros (177,8 mil milhões em Fevereiro de 2023).
Os dados de Fevereiro contribuem para a quase recuperação da queda de depósitos sofrida na primeira metade de 2023, uma boa parte mobilizada para os CA e a outra para a amortização antecipada de empréstimos à habitação.
Entre Dezembro de 2022 (com o stock em cerca de 182.438 milhões de euros) e final de Maio de 2023 (cerca de 173.668 milhões de euros), as instituições bancárias “perderam” cerca de 8,770 mil milhões de euros. Mas desde o final de Maio de 2023 (o corte na remuneração dos CA aconteceu a partir de Junho) até ao passado mês de Fevereiro já recuperam praticamente esse montante, mais concretamente cerca de 7,730 mil milhões de euros.
E aquela recuperação foi feita num período em que continuou a verificar-se um aumento nas amortizações antecipadas do crédito à habitação.
O aumento dos depósitos também acontece numa altura em que os bancos começaram a diminuir a taxa de juro dos novos depósitos, acompanhando a queda das taxas Euribor utilizadas no crédito à habitação e às empresas. Em Janeiro, e de acordo com dados do supervisor bancário, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares caiu 18 pontos base (ou 0,18 pontos percentuais), passando de 3,08% (em Dezembro) para 2,90% no primeiro mês do ano. Contudo, as taxas de juro dos depósitos constituídos em Fevereiro só serão divulgadas nesta sexta-feira.
Ao contrário do que acontecia quando as taxas de juro dos depósitos estavam praticamente no zero, em que muitos particulares deixavam o dinheiro em depósitos à ordem, a subida de juros, verificada essencialmente ao longo do ano passado, tem levado a uma maior procura pelos depósitos a prazo. Isso explica que os depósitos a prazo (que incluem os depósitos com prazo acordado e os depósitos com pré-aviso) tenham aumentado 1,4 mil milhões de euros em Fevereiro, segundo os dados do supervisor.
A taxa de variação anual registada para os depósitos de particulares em bancos nacionais ficou acima da taxa média da área do euro, o que acontece pela primeira vez desde Janeiro de 2023. No conjunto da área do euro, os depósitos de particulares cresceram, em termos anuais, 1,3%, revela o BdP.
Em crescimento, mas ligeiro, estão também os empréstimos aos particulares. No final de Fevereiro, o montante total registou um crescimento em termos anuais de 0,1%, o que já não acontecia desde Julho de 2023.
Mas os dois principais destinos deste crédito registaram variações distintas. O montante de empréstimos para habitação totalizava 98,7 mil milhões de euros, em Fevereiro, praticamente não se alterando em relação a Janeiro de 2024, e em decréscimo de 1% relativamente ao mesmo mês de 2023.
Em sentido oposto, os empréstimos ao consumo atingiram 21,3 mil milhões de euros, mais 100 milhões do que em Janeiro de 2024, e mais 5,6% em relação ao período homólogo do ano passado.
Do lado das empresas, os depósitos diminuíram, em termos anuais, pelo quarto mês consecutivo (-1,7%), para 62,8 mil milhões de euros, mas mais 300 milhões de euros do que em Janeiro de 2024. A variação anual foi menor que a registada no primeiro mês do ano, que foi negativa em 4,8%.
Os empréstimos às empresas totalizavam 72,7 mil milhões de euros no final de Fevereiro de 2024, mais 100 milhões de euros do que no final de Janeiro, mas 0,8% abaixo do valor registado no período homólogo.