BCE mantém taxas, mas prevê inflação mais perto dos 2% já este ano

Banco central voltou a não descer as taxas de juro, mas mostrou-se mais optimista em relação ao cumprimento da sua meta de inflação, que prevê que fique em 2,3% este ano.

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Christine Lagarde, presidente do BCE Reuters/Kai Pfaffenbach
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Sem surpresas, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juro ao nível máximo em que se encontram desde Setembro, mas apresentou novas previsões para a zona euro que colocam a inflação mais próxima da meta de 2% já este ano e o crescimento da economia a um ritmo mais baixo, o que torna mais provável que uma descida dos juros venha a acontecer nas próximas reuniões.

Na reunião do conselho de governadores realizada esta quinta-feira em Frankfurt, os responsáveis da autoridade monetária europeia cumpriram as expectativas dos analistas. De acordo com o comunicado emitido após o encontro, a opção tomada foi a não realização de qualquer alteração das suas principais taxas de juro de referência, tendo a taxa de juro de depósito permanecido nos 4% a que foi colocada há cinco meses, após um ano de subidas sucessivas.

É ainda reafirmado, no documento, tal como aconteceu no final das três anteriores reuniões, que “as taxas de juro chave do BCE estão a níveis que, mantidos por um período de tempo suficientemente longo, irão dar uma substancial contribuição” para o objectivo de trazer a taxa de inflação para a meta de 2% estabelecida pelo banco central. E volta-se outra vez a alertar que "as pressões sobre os preços domésticos permanecem altas, o que se deve em parte ao crescimento forte dos salários".

No entanto, apesar da manutenção destas frases, também há no comunicado sinais de que o BCE pode estar a aproximar-se rapidamente do momento em que começa a suavizar progressivamente o seu combate contra a inflação.

Esses sinais vêm das novas previsões económicas divulgadas pelo BCE para a zona euro, que apontam para um cenário em que, não só a economia abranda mais fortemente, como a inflação se aproxima mais rapidamente da meta dos 2%.

De facto, em vez dos 2,7% antes previstos, o BCE passou a apontar para uma taxa de inflação este ano na zona euro de apenas 2,3%. E, em vez de estimar que a meta de 2% seja atingida em 2026, a entidade liderada por Christine Lagarde passou a antecipar esse cenário para 2025, diminuindo depois para 1,9% em 2026.

Já em relação à inflação subjacente, que não inclui os preços da energia e dos alimentos e que é particularmente relevante para as decisões do BCE, a revisão em baixa das previsões é mais moderada, mas mesmo assim acontece, passando de 2,7% para 2,6% este ano. E a meta dos 2% passa a ser vista como estando ao alcance já no horizonte da projecção, que vai até 2026.

No que diz respeito à evolução do PIB, o BCE também aponta para um cenário de abrandamento mais forte, prevendo agora que a economia da zona euro cresça apenas 0,6% este ano, quando antes estava à espera de 0,8%.

Inflação a recuar mais rapidamente e economia mais lenta são desenvolvimentos que podem ajudar a convencer a maioria dos membros do conselho do BCE de que será aconselhável diminuir o nível de restritividade da política monetária em que as taxas de juro altas ajudam a diminuir a inflação, mas podem também empurrar a economia para uma recessão.

A presidente do BCE irá, em conferência de imprensa, explicar a decisão tomada e, eventualmente, dar mais pistas sobre o que poderá vir a acontecer nas próximas reuniões do BCE agendadas para Maio e Junho.

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