António Morgado faz história em Volta a Flandres dominada por Van der Poel

O “Bigode Voador” foi quinto classificado, o melhor resultado de sempre de um português na sua estreia em “Monumentos”. Campeão do mundo Van der Poel iguala máximo de vitórias na prova.

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Van der Poel venceu a Volta a Flandres pela terceira vez EPA/FREDERIC SIERAKOWSKI
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António Morgado em 2023, quando se sagrou vice-campeão do mundo de juniores TIM DE WAELE/GETTY IMAGES
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Mathieu Van der Poel venceu pela terceira vez a Volta a Flandres, mas para os portugueses a história do dia é outra: António Morgado foi quinto classificado, alcançando o melhor resultado luso de sempre no "Monumento" belga.

Na sua estreia nas provas-rainha do calendário de clássicas, o ciclista de 20 anos tornou-se apenas o terceiro português a conseguir um resultado nos cinco primeiros lugares de um dos cinco "Monumentos" do calendário, depois de Acácio da Silva (quinto na Liège-Bastogne-Liège e quinto na Volta a Lombardia) e de Rui Costa (terceiro na Volta a Lombardia e terceiro e quarto em duas edições consecutivas da Liège-Bastogne-Liège). Foi também o terceiro ciclista mais jovem desde 1945 a terminar um "Monumento" no top 10.

Voltemos a Mathieu Van der Poel. O neerlandês da Alpecin-Deceuninck voltou a mostrar ser o classicómano em melhor forma nesta temporada de clássicas de "pavé". Vindo de um triunfo na E3 construído num histórico ataque solitário a 40 quilómetros do fim da corrida e de um segundo lugar na Gent-Wevelgem, o campeão do mundo entrou na "De Ronde" como grande favorito – mais ainda devido à ausência de Tadej Pogacar, vencedor da edição de 2023, e do eterno rival, Wout Van Aert.

Como já é regra na actual era do ciclismo, a corrida foi lançada a todo o gás e os ataques começaram bem longe da meta, já depois de formada uma fuga que esteve sempre controlada. A cem quilómetros, Mads Pedersen, Stefen Kung, Julian Alaphilippe e outros do lote de candidatos abriram as hostilidades. Mathieu Van der Poel ainda esboçou algumas acelerações, mas, isolado de colegas de equipa, manteve a frieza e evitou responder às primeiras movimentações, deixando que o caos instalado tratasse de segurar quem se aventurava em ataques.

Da primeira ronda de embates saiu o ex-campeão do mundo Mads Pedersen. O dinamarquês da Lidl-Trek manteve-se na dianteira da prova cerca de trinta quilómetros, até ao Kwaremont, a primeira das principais dificuldades reservadas para a fase final da prova.

A estrada trata de pôr todos os ciclistas no devido lugar, e colocou Van der Poel no comando minutos mais tarde. A 45 quilómetros da meta, o campeão do mundo e bicampeão da Volta a Flandres entrou no mítico Koppenberg na frente do grupo principal, ultrapassou o escapado Iván García Cortina e não mais voltou a ser apanhado. Perto de si, só Matteo Jorgenson, da Visma-Lease a Bike, e Mads Pedersen, os únicos adversários que conseguiram passar a subida sem sair da bicicleta. Mathieu Van der Poel não se deixou alcançar pelos dois, que pagaram caro o esforço realizado para tentar fechar o espaço e acabaram por fechar o dia fora dos vinte melhores.

Por esta altura, António Morgado, que nos primeiros quilómetros da prova chegou a tentar entrar em fugas, ainda passava despercebido nos grupos que a subida definia. O "Bigode Voador" fez o seu primeiro "Monumento" em crescendo, e chegou ao momento das decisões no segundo grupo perseguidor, à procura de apanhar Alberto Bettiol e Dylan Teuns, escapados na terra de ninguém em busca do pódio.

A vantagem do neto de Raymond Poulidor foi aumentando gradualmente e chegou a ser superior a um minuto e meio. Van der Poel cruzou a meta em Oudenaarde com um minuto de avanço para os adversários. Um triunfo que deixou o próprio incrédulo.

"A minha época já é um sucesso. Ganhar na Flandres como campeão do mundo é muito especial. É algo que tenho de assimilar", resumiu o vencedor, que considerou esta edição a mais dura que disputou, devido às condições meteorológicas.

O grupo de António Morgado acabou por apanhar os dois aventurados (com bastante trabalho do português) e a decisão do melhor dos restantes foi em sprint num grupo de nove elementos. Luca Mozzato e Nils Politt (colega de Morgado) fecharam o pódio, com o português a cerrar os dentes e a conseguir o histórico quinto lugar.

Com a vitória este domingo, Mathieu Van der Poel volta a marcar o ponto na história do ciclismo. Aos 29 anos, é o sétimo a vencer três vezes a "De Ronde", somando agora cinco "Monumentos". Terá no próximo domingo mais uma oportunidade para ampliar o palmarés, com a Paris-Roubaix uma prova em que ainda não quer pensar, depois de ter chegado “esgotado” à meta. António Morgado também vai estar no "Inferno do Norte", onde o colega de equipa Rui Oliveira conseguiu em 2023 o melhor resultado de um português: foi 52º.

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