Música
Caveira lançam na Zé dos Bois o álbum ficar vivo, anunciado com Brilho em videoclipe
Surgiram em Lisboa, há quase 20 anos (em 2005), e, depois de várias metamorfoses, estreiam esta quinta-feira o seu primeiro álbum, ficar vivo. São os Caveira, quarteto formado por Pedro Gomes, Gabriel Ferrandini, Pedro Alves Sousa e Miguel Abras, e este seu álbum, que tem como single de avanço o tema Brilho, estreado também em videoclipe (com realização de Ana Mariz, a partir de uma ideia de Pedro Gomes), vai ser apresentado ao vivo na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, às 22h, nesta quinta-feira em que o álbum é editado em vinil. Na mesma noite, além dos Caveira, actuará o rapper e MC luso-são-tomense Real Guns (a preparar um novo álbum, sucessor de Escrevo Com Sangue, 2022, e Davids, 2023) e, a fechar, os quatro músicos dos Caveira assegurarão um momento de DJ set sob o nome Jazz is Back.
Gravado nos estúdios Namouche, com mistura da banda e de Joaquim Monte e masterização de Tó Pinheiro da Silva, o álbum ficar vivo, dos Caveira, tem na contracapa um extenso texto assinado pelo trompetista e compositor Sei Miguel, de que reproduzimos aqui um excerto identificativo deste trabalho: “Assumir a posição felina e proletária da contracultura, no seio de uma cultura pop há muito desviada por multinacionais, garante a sobrevivência mui magra, sem direito a ilusões. Os Caveira, para além de sublimes, encarnam portanto o puro dom de si e por isso possuem a compleição sónica votada ao pulso da vida. Posto isto, a genealogia caveiresca aparenta e não engana: a do rock, essencialmente; e a música do rock não ostenta todas as batidas, dá-se a esse luxo, “a forma de”, essencialmente binária. Divide e sub-divide por igual, a igualdade aqui significando um luxo – repito – vindo do Blues, e mais precisamente (estranho Caso Caveira) dos harmónicos do Blues, bem mais do que de uma métrica. Deve-se esta um pouco mágica inversão, “na forma de”, sem dúvida ao conhecimento que o Sr Gomes tem e mantém de outras muitas músicas, porém denuncia o plano onde as coisas acontecem “à caveira”; arpeggiatura em estaleiro, El Riff, vamp-anti-vamp, claro, mas a binária felicidade de um rock metafísico em directíssima metalinguagem. Vos dizia: um luxo.”
A capa do disco e as fotografias da banda (como a que aqui se reproduz) são de António Júlio Duarte.