Terramoto político na Hungria por causa de interferência política em caso de corrupção

Ex-marido da ex-ministra da Justiça divulga gravação de conversa sobre tentativa de apagar partes de ficheiros de um caso envolvendo um antigo político do Fidesz.

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Peter Magyar no protesto contra Orbán na terça-feira em Budapeste Bernadett Szabo/Reuters
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O ex-marido da antiga ministra da Justiça da Hungria, Peter Magyar, causou um novo terramoto político no país ao divulgar uma conversa enquanto ainda era casado com Judit Varga em que esta conta detalhes sobre uma tentativa de responsáveis do Governo de Viktor Orbán de removerem algumas partes de documentos da investigação de um caso de corrupção.

Magyar divulgou a gravação na sua página no Facebook na terça-feira, dizendo que datava de Janeiro de 2023. O advogado de 43 anos, que planeia lançar um partido político, falou a uma multidão que se manifestou no mesmo dia em Budapeste na sequência da revelação.

O caso a que diz respeito a gravação é o do antigo secretário de Estado do Ministério da Justiça Pal Völner e do antigo chefe dos agentes de execução Gyorgy Schadl, que teriam montado um esquema de corrupção com o envolvimento de cerca de 20 pessoas. Quer Völner quer Schadl declararam-se inocentes no processo, mas alguns dos outros acusados admitiram culpa, incluindo alguns que disseram que Schadl os ajudou na carreira a troco do pagamento de quantias por vezes avultadas.

Na gravação, Varga disse que assessores de um importante membro do Governo sugeriram aos procuradores o que apagar de documentos relacionados com o caso. “Disseram-lhes o que devia ser apagado, mas eles não fizeram exactamente o que lhes foi dito”, ouve-se dizer a então ministra, segundo a agência Reuters.

Judit Varga não negou a gravação, mas atacou a credibilidade do ex-marido. “Peter Magyar fez uma gravação em segredo da sua antiga mulher, eu, na nossa casa, e agora está a usar isso para conseguir atingir os seus objectivos políticos”, disse. “Não merece a confiança de ninguém”, declarou.

Mais tarde, disse que tinha medo de Magyar aludindo a violência doméstica, e declarou ter-lhe dito o que achava que ele queria ouvir. Esta quarta-feira, deu uma entrevista dizendo que o então marido tinha ciúmes de si por ter um cargo mais importante do que ele.

Magyar surgiu na cena política húngara em Fevereiro, na sequência do escândalo do perdão a um homem condenado por cumplicidade com um pedófilo, um caso que levou à demissão da então Presidente, Katalin Novak, e ao anúncio de Varga, ministra da Justiça na altura do perdão, de que seria a candidata do partido de Orbán às eleições europeias.

Dizendo que as duas mulheres estavam a ser sacrificadas para o regime continuar, Magyar (que foi diplomata e teve cargos em empresas públicas) fez uma série de críticas dizendo que era preciso mudar, personificando o primeiro desafio a Orbán vindo de dentro do seu próprio sistema.

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