Pinto da Costa: “Tenho a mesma vontade de há 42 anos: 2576 títulos é pouco”

Fernando Gomes acusou André Villas-Boas de estragar alegria dos portistas na apresentação da academia. Pinto da Costa diz que contratos não podem ser rasgados, negando margem de manobras a candidato.

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Pinto da Costa, presidente do FC Porto LUSA/JOSÉ COELHO
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Jorge Nuno Pinto da Costa garantiu aos sócios portistas, na manhã desta quarta-feira, que tem "a mesma vontade de há 42 anos" e que continua com ambição de continuar a ganhar. Para o presidente mais titulado da história do futebol, os troféus conquistados anteriormente não satisfazem, conjecturando mais títulos num eventual próximo mandato. Discursando na cerimónia de apresentação da nova academia do clube, Pinto da Costa fez menção à campanha eleitoral e deu "bicadas" ao principal concorrente, o ex-treinador André Villas-Boas.

"Continuo com a mesma vontade de há 42 anos, exactamente a mesma. Com a mesma paixão e vontade de servir e pôr o FC Porto a ganhar. Para mim, 2576 títulos é pouco, temos de ganhar mais e cada vez mais. Para isso é fundamental este projecto [da academia do FC Porto]", começou por dizer o presidente portista.

"Temos assistido a uma campanha em que só se diz mal de tudo. Está tudo mal. Há cerca de quatro, cinco meses, eu ia ser 'o presidente dos presidentes', deixava um legado fantástico e tinha feito uma obra de referência. Até ao dia em que me decidi candidatar. A partir daí, está tudo mal, os 2576 títulos que ganhámos nas minhas direcções já não existem", começou por dizer o dirigente, acusando André Villas-Boas de querer tornar o FC Porto num clube que compra "canteiros do lado de lá do rio", alusão à vontade do ex-treinador em construir a academia no Olival, Vila Nova de Gaia.

Pinto da Costa foi um dos responsáveis portistas a apresentarem a academia do clube, projecto que aguarda ainda a concretização da hasta pública de 14 dos 23 hectares que o complexo ocupará. Os restantes 9,3 hectares pertencem à construtora Alexandre Barbosa Borges (ABB), empresa que assinou um contrato-promessa de compra e venda com o FC Porto, compromisso dependente do resultado da hasta pública aprovada esta segunda-feira pela Câmara Municipal da Maia. Se os terrenos públicos passarem para os portistas, a ABB venderá os hectares que faltam. Caso isso não se concretize – cenário considerado "muito improvável" –, o acordo fica sem efeito.

Além do presidente portista, também Fernando Gomes, administrador financeiro da SAD, deixou críticas a André Villas-Boas. Para o responsável, que deixará o cargo em Abril, o ex-treinador estragou a festa e manchou o momento de apresentação da academia.

"Deveria ser um dia em que o universo portista estaria em festa, um momento de grande congratulação. Infelizmente, assim não é, alguém se encarregou — sem que se perceba, por tudo o que vimos aqui de pôr em causa este enorme projecto que ansiámos há tantos anos. Não se entende...", acusa Fernando Gomes, atribuindo a Villas-Boas o ambiente de divisão sentido no clube.

André Villas-Boas defende que a academia seja construída em Vila Nova de Gaia, tendo já assinado um contrato-promessa de compra e venda em nome próprio. Pinto da Costa diz que, devido à ameaça do candidato em desfazer os acordos celebrados para o projecto na Maia, colocou por escrito o acordo com a ABB. Não ficaram claras, porém, quais as cláusulas penalizadoras para o FC Porto em caso de quebra contratual. Pinto da Costa garante que, a partir deste momento, os contratos "já não podem ser rasgados".

O FC Porto vai a eleições no dia 27 de Abril. Pinto da Costa, dirigente dos portistas há 42 anos, concorre a mais um mandato. André Villas-Boas, treinador da equipa principal em 2010-11 com quatro títulos conquistados, desafia o histórico dirigente, prometendo mais transparência e uma reversão da situação financeira negativa do clube. O terceiro candidato é o empresário Nuno Lobo, sócio portista que se candidatou já nas eleições de 2020, acto eleitoral em que recolheu 4,91% dos votos.

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