Beijo de Rubiales a Hermoso pode valer-lhe dois anos e meio de prisão

O Ministério Público espanhol pediu a sanção ao juiz da Audiência Nacional.

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Luis Rubiales EPA/SERGIO PEREZ
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O Ministério Público pediu dois anos e meio de prisão para o ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) Luis Rubiales por agressão sexual e coação no processo do beijo à jogadora Jenni Hermoso, segundo um documento conhecido nesta quarta-feira.

Os procuradores espanhóis pediram também condenações a um ano e meio de prisão por delitos de coação para o ex-treinador da selecção feminina de futebol de Espanha Jorge Vilda, para o antigo director de marketing da federação Rubén Rivera e para o director da selecção masculina, Albert Luque.

Estes pedidos de condenação foram enviados pelo Ministério Público ao juiz da Audiência Nacional espanhola que tutelou a instrução do caso e estão a ser divulgadas nesta quarta-feira por diversos meios de comunicação social em Espanha.

Além de uma pena de prisão, no caso de Luis Rubiales, os procuradores pediram que o ex-presidente da federação de futebol fique proibido de trabalhar no âmbito desportivo durante o mesmo tempo da condenação.

Os procuradores defenderam ainda que Rubiales fique proibido de contactar com Jenni Hermoso ou de estar a menos de 200 metros da jogadora durante quatro anos.

Em Agosto do ano passado, Luis Rubiales beijou na boca Jenni Hermoso no estádio de Sidney, após a final do Mundial de futebol feminino, que Espanha venceu.

Jenni Hermoso disse que o beijo não foi consentido e queixou-se também de coações por parte de outros dirigentes da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e da selecção feminina, que queriam que a jogadora corroborasse a versão diferente sobre o beijo que deu Luis Rubiales.

Em 25 de Janeiro, a Audiência Nacional espanhola decidiu que o antigo presidente da RFEF vai a julgamento por este caso.

O juiz Francisco de Jorge considerou que o beijo em causa "não foi consentido" e que o seleccionador Jorge Vilda, que também vai a julgamento, "exerceu pressão" sobre Hermoso.

Segundo o juiz, "o beijo não foi consentido, foi uma acção unilateral e de surpresa".

"A finalidade erótica ou não, bem como o estado de euforia e agitação que se seguiram ao extraordinário triunfo, são elementos cujas consequências, ou consequências legais, devem ser determinadas durante o julgamento", indicou o juiz.

A argumentação foi neste sentido face às justificações de Rubiales, quando disse que a situação ocorreu num "momento de felicidade, de grande alegria e no momento", rejeitando qualquer "conotação sexual".

Já o juiz entendeu que este beijo na boca "afecta a esfera da intimidade, reservada às relações sexuais entre dois adultos".

Além de Luis Rubiales, o magistrado decidiu levar também a julgamento o director da selecção masculina, Albert Luque, o antigo seleccionador feminino Jorge Vilda e o antigo director de marketing da RFEF Rubén Rivera, pelas "pressões" exercidas sobre a jogadora após os acontecimentos.

Francisco de Jorge considerou ter existido acção concertada entre os três, com a conivência de Luis Rubiales, "para quebrarem a vontade de Jenni Hermoso e levarem a jogadora a gravar um vídeo referindo que o beijo tinha sido consentido".

Após os acontecimentos, Rubiales recusou demitir-se do cargo de presidente da federação, o que acabou por fazer em 10 de Setembro.

Por causa deste caso, a FIFA suspendeu Luis Rubiales por três anos de todas as actividades relacionadas com futebol.

O comportamento de Rubiales valeu-lhe ainda a abertura de processos disciplinares pelo Tribunal Administrativo do Desporto de Espanha, além da queixa na justiça apresentada por Jenni Hermoso.