Jornalista americano Gershkovich vai ficar preso na Rússia mais três meses

Jornalista norte-americano faria parte de acordo para eventual troca de prisioneiros a envolver Navalny.

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Gershkovich foi detido há um ano EPA/MOSCOW CITY COURT PRESS SERVICE / HANDOUT
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Um tribunal russo prorrogou esta terça-feira, 26 de Março, a prisão preventiva de Evan Gershkovich, jornalista do Wall Street Journal detido há quase um ano por suspeita de espionagem durante uma viagem de trabalho à cidade de Iecaterimburgo.

Gershkovich, de 32 anos, tornou-se o primeiro jornalista norte-americano preso sob a acusação de espionagem na Rússia desde a Guerra Fria, quando foi detido pelo Serviço Federal de Segurança (FSB), a 29 de Março de 2023. O jornalista, o jornal para onde trabalha e o Governo norte-americano negam as acusações que lhes são imputadas pela Rússia.

A audiência judicial foi fechada aos meios de comunicação social, mas os serviços judiciais de Moscovo publicaram fotografias e um breve vídeo em que mostram Gershkovich de pé numa caixa de vidro no tribunal. Nalgumas das fotografias, Gershkovich aparece descontraído e a sorrir.

A embaixadora dos EUA, Lynne Tracy, exigiu que a Rússia o libertasse e afirmou que o Kremlin o estava a utilizar, bem como a outros cidadãos americanos, como peões. “Este veredicto para prolongar ainda mais a detenção de Evan é particularmente doloroso, uma vez que esta semana se assinala um ano desde que Evan foi preso e injustamente detido em Iecaterimburgo simplesmente por fazer o seu trabalho como jornalista”, disse Tracy.

O FSB, o principal sucessor do KGB da era soviética, afirmou que Gershkovich estava a tentar obter segredos militares. O homem está há quase um ano na prisão de alta segurança de Lefortovo, em Moscovo. Diplomatas ocidentais afirmam que a Rússia pretende criar uma reserva de cidadãos americanos detidos que possam ser trocados por russos detidos no Ocidente.

Entre os americanos detidos está Paul Whelan, um ex-fuzileiro naval preso em Moscovo em 2018 e condenado a 16 anos de prisão por acusações de espionagem em 2020. “O caso de Evan não tem que ver com provas, com o devido processo legal ou com o Estado de direito. Trata-se de usar cidadãos americanos como peões para atingir fins políticos, como o Kremlin também está a fazer no caso de Paul Whelan”, acrescentou Lynne ​Tracy.

Tanto Gershkovich como Whelan foram designados pelo Departamento de Estado como detidos injustamente, o que significa que Washington considera as acusações contra eles falsas e está empenhado em trabalhar para a sua libertação.

Troca de prisioneiros?

O Presidente russo, Vladimir Putin, já afirmou que Gershkovich poderia ser libertado a qualquer momento em troca de um prisioneiro russo detido no estrangeiro, mas até à data não se concretizou qualquer acordo nesse sentido.

Putin disse a 17 de Março que tinha aprovado a ideia de trocar o político da oposição russa Alexei Navalny, pouco antes da sua morte numa prisão da Sibéria, a 16 de Fevereiro. Gershkovich fez parte da negociação que teria incluído Navalny, de acordo com duas fontes que falaram à Reuters sob anonimato.

A sua detenção surpreendeu muitas organizações noticiosas ocidentais e actualmente quase não há repórteres americanos na Rússia. A maioria dos países ocidentais desaconselha a ida à Rússia, que Washington classifica como Não viajar — pondo o país ao mesmo nível que o Afeganistão, a Síria e o Irão.

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