Albuquerque confia na vitória do PSD se houver eleições antecipadas na Madeira

Manuel António Correia, o candidato derrotado por 400 votos, considera que “não houve igualdade de oportunidades para as duas candidaturas” mas que foi lançada a “semente da mudança na Madeira”.

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Miguel Albuquerque sucede a si próprio, para já na liderança do PSD/Madeira LUSA/HOMEM DE GOUVEIA
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Miguel Albuquerque, reeleito na quinta-feira líder do PSD/Madeira com 54,3% dos votos, afirmou que "os adversários não estão dentro do partido" e mostrou-se confiante na vitória caso o Presidente da República convoque eleições antecipadas na região.

"Acho que esta eleição [interna] foi muito importante, porque mobilizou as pessoas. As pessoas foram livres de optar sobre a orientação e o líder que queriam para o partido. Isso veio incutir no PSD/Madeira uma dinâmica nova e veio sobretudo legitimar a minha liderança", afirmou.

Miguel Albuquerque falava na sede do partido, no Funchal, após a contagem dos votos, sendo que a sua lista obteve 2.243 (54,3%), contra 1.856 (44,5%) da lista encabeçada por Manuel António Correia, num universo de 4.388 militantes em condições de votar.

"Não pode haver no partido reservas mentais, jogadas subterrâneas. Há que pôr tudo em pratos limpos e não há nada como a democracia interna para que isso aconteça", declarou.

Albuquerque disse, por outro lado, que agora "está tudo em aberto" face à decisão que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tomar sobre a dissolução ou não da Assembleia Legislativa da Madeira, o que só pode ocorrer a partir de 24 de Março - domingo -, seis meses após as eleições regionais de 24 de Setembro de 2023. "O PSD vai, como sempre, para todas as eleições para ganhar", assegurou.

Miguel Albuquerque demitiu-se do cargo de presidente do Governo Regional (PSD/CDS-PP), em Janeiro, na sequência da crise política decorrente do processo que investiga suspeitas de corrupção no arquipélago, no qual foi constituído arguido.

O líder reeleito do PSD/Madeira disse que o partido também está em condições de completar a legislatura, num quadro de acordos parlamentares, considerando que a coligação PSD/CDS-PP ficou a um deputado da maioria absoluta nas últimas eleições.

"Depende do entendimento do Presidente da República, depois de auscultar as forças políticas da Madeira", afirmou, para depois reforçar: "Seja qual for o cenário, nós estamos preparados para encará-lo de forma assertiva, determinada e não há qualquer problema. Nós somos um partido de eleição, não temos medo do sufrágio do povo, nem muito menos do juízo do povo sobre a nossa acção."

Albuquerque lembrou que a sua demissão do cargo de presidente do Governo Regional deveu-se apenas ao facto de o PAN lhe ter retirado o apoio, no âmbito do acordo de incidência parlamentar com a coligação PSD/CDS-PP, pelo que está, agora, disponível para negociar com outros partidos, embora sem especificar quais.

"Não vou falar de acordos com forças políticas específicas. A minha obrigação, não desvirtuando nunca qualquer compromisso e a base ideológica do PSD, é encontrar, no quadro parlamentar sempre, a estabilidade", afirmou.

Na Assembleia Legislativa da Madeira estão representadas nove forças partidárias: PSD, PS, JPP, Chega, CDS-PP, PCP, IL, BE e PAN.

"As maiorias absolutas hoje são quase uma miragem na Europa, mas a verdade é que temos conseguido encontrar os parceiros e o diálogo suficiente para formarmos essas maiorias", disse Miguel Albuquerque, para logo acrescentar: "Quando formos a eleições, se for caso disso, nós vamos continuar a ser o partido líder na Madeira. Nós não temos medo de ir a eleições e estamos preparados, como sempre estivemos, para o fazer."

Em relação às eleições internas, Miguel Albuquerque garantiu que não houve pressões sobre os apoiantes da lista adversária, mas considerou "bizarro" que militantes que estavam nomeados como directores regionais, no seu executivo, tivessem optado pela candidatura de Manuel António Correia.

"Estar num partido não é apenas ser um bom político e ter esperteza, é preciso ter carácter", declarou, apelando à união dentro do partido.

Eleições "não foram justas", diz Manuel António

"Jogámos um jogo condicionado, no tempo e com as regras dos outros, em que tivemos um adversário que foi simultaneamente árbitro e ainda assim estamos de parabéns porque obtivemos em muito pouco tempo um extraordinário resultado", afirmou Manuel António Correia, em declarações na sede de campanha, no Funchal, depois de conhecidos os resultados.

Na perspectiva de Manuel António, as eleições "não foram justas porque não houve igualdade de oportunidades para as duas candidaturas". "Eu convoco todos os militantes a darem o seu testemunho. [...] Eu penso que quase todos tiveram uma experiência pessoal de pressão, de condicionamento", declarou.

O candidato apontou que houve sinais durante a campanha para as internas do PSD/Madeira "de que poderá haver delitos de opinião neste partido e pessoas perseguidas porque votaram em candidatos que não o vencedor".

"E, por isso, tenho de pedir publicamente: não persigam pessoas porque tiveram outra opinião", apelou, reforçando que estará particularmente atento e que não permitirá que "alguém seja punido" por ter apoiado a sua candidatura.

Manuel António Correia disse, por outro lado, não ter qualquer informação que coloque em causa a transparência do acto eleitoral em si. Questionado pelos jornalistas, o social-democrata não indicou se estará activo na vida política ou não, sublinhando que mais importante que o candidato é o partido.

"O PSD não acaba hoje nem nasceu hoje e, portanto, numa lógica de médio/longo prazo eu acredito que é possível credibilizar, unir e vencer. Vamos reflectir, vamos repensar de forma clara, estruturada, fazer um debate interno que não aconteceu durante as eleições", sugeriu.

Manuel António Correia admitiu também que a noite "não foi boa em termos de resultados", mas considerou que foi lançada a "semente da mudança na Madeira".