Miguel Oliveira admite papel de herói improvável no GP de Portugal

“Anfitrião” procura ponto de equilíbrio na montanha-russa de Portimão, sem descartar a reedição do triunfo de 2020.

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Miguel Oliveira falhou o acesso directo à Q2 LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
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Pelo quinto ano consecutivo, após estreia perfeita de Miguel Oliveira em 2020, a montanha-russa de Portimão volta a concentrar as atenções do mundo do motociclismo de velocidade, que este fim-de-semana renova as esperanças num regresso em pleno do herói português.

Repetir 2020, mas com público, assumiria contornos verdadeiramente surreais. Especialmente numa altura em que Miguel Oliveira ainda procura extrair as “melhores sensações” da nova Aprilia RSGP. Na verdade, o Grande Prémio (GP) de Portugal surge demasiado cedo no calendário, “roubando” tempo de adaptação a Miguel Oliveira.

Para o português, não há impossíveis. Nem será ele a impor limites, por menos plausível que pareça um cenário semelhante ao de 2020. Apesar de tudo e do 15.º lugar no Qatar, Miguel Oliveira recorda que “tudo é possível”, ainda que dizer que vai lutar pela vitória “possa parecer um pouco ambicioso”.

Não será é o “Falcão” a “criar limitações, nem demasiadas expectativas”, como referiu na conferência de imprensa, confirmando nos treinos livres, que chegou a liderar, que podem contar com ele, apesar de na sessão seguinte ter terminado em 17.º, falhando o acesso directo à Q2.

Mas o perfil do circuito, onde os pilotos podem ser mais relevantes, aliado ao conhecimento que o português tem da pista, poderá atenuar as diferenças de desempenho e o domínio das Ducati.

É, pois, em busca de um ponto de equilíbrio entre o Grand Slam de 2020 - em que Oliveira conseguiu a pole position, a volta mais rápida e o primeiro lugar do pódio, liderando da primeira à última volta - e o drama vivido em 2021 (duas quedas nas duas visitas do Mundial de MotoGP ao Autódromo Internacional do Algarve, AIA) e em 2023 (abalroado na partida por Marc Márquez) que o piloto do Pragal espera poder transformar-se no anfitrião exemplar em 2024.

Como referência mais próxima, os pilotos têm a corrida do Qatar, prova de estreia da edição de 2024, em que o português fechou os lugares pontuáveis (15.º), numa corrida marcada pela penalização “trazida” de 2023.

O efeito Davide Brivio

Agora, com uma Aprilia oficial e com a ambição e aposta determinada da norte-americana Trackhouse Racing, Miguel Oliveira tem outras perspectivas… podendo, num cenário idílico, igualar o francês Fabio Quartararo (2021 e 2022) e o italiano Francesco Bagnaia (2021 e 2023), os únicos a repetirem o triunfo em Portimão.

Recorde-se que em 2021 houve duas corridas no AIA após o cancelamento do GP da Austrália, motivado pela pandemia de covid-19. Em entrevista à Sport TV, Miguel Oliveira foi prudente na avaliação à equipa, lembrando que a Trackhouse tinha planeado a aposta no MotoGP para 2025, além de passar de uma logística continental, limitada aos Estados Unidos, para um planeamento global.

Mas a grande diferença, segundo Oliveira, é a contratação de Davide Brivio, novo chefe de equipa e uma das figuras de maior sucesso na modalidade, com impacto na Yamaha e Suzuki e seis títulos de pilotos, quatro de construtores e seis de equipas no currículo, para além da incursão na Fórmula 1, com a Alpine.

Miguel Oliveira enfatizou o papel de Brivio e a importância de ter alguém que ouça e entenda os pilotos. Portugal espera, assim, poder ver o piloto de Almada disparar na trajectória ascendente de uma carreira feita de altos e baixos (depois de um 2023 marcado por azares), um pouco à imagem do traçado do circuito de Portimão, uma autêntica “montanha-russa” de emoções.

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