Mais eleitores da AD do que do Chega afirmam votar nas eleições europeias

Portugal é dos países onde os eleitores menos acreditam que o líder do principal partido de extrema-direita, neste caso, André Ventura, queira sair da União Europeia.

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Portugal é o país onde os eleitores mais consideram que os resultados das eleições europeias vão ter "mais importância para o seu futuro EPA/JULIEN WARNAND
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Quase dois terços (62%) dos eleitores da Aliança Democrática (AD) garantem que vão votar nas eleições europeias de Junho, contra metade (50%) dos apoiantes do Chega, segundo um estudo do Conselho Europeu de Relações Exteriores, divulgado esta quinta-feira.

No levantamento, o think tank europeu ECFR (na sigla em inglês) compara a percentagem de eleitores do "principal partido anti-europeu" e do "seu principal rival pró-europeu" que dizem que vão "definitivamente" votar na eleição para o Parlamento Europeu, em 11 países, identificando, no caso de Portugal, o Chega e a AD (coligação PSD, CDS-PP e PPM).

Portugal surge no penúltimo lugar da tabela, liderada pela Alemanha, onde 71% dos apoiantes do Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, afirmam que vão votar, contra 64% dos eleitores da União, aliança política formada pela União Democrata-Cristã (CDU) e a União Social-Cristã (CSU), dois partidos democratas cristãos alemães.

Em contrapartida, Portugal é o país onde os eleitores mais consideram que os resultados das eleições europeias, marcadas de 6 a 9 de Junho, vão ter "mais importância" para o seu futuro, com 44% dos votantes do Chega contra 38% dos da AD.

O estudo do ECFR baseia-se em dados recolhidos em Janeiro junto da opinião pública de 12 países da União Europeia (UE), incluindo Portugal, com um total de 17.023 participantes, e teve como parceiro a Fundação Calouste Gulbenkian.

Por outro lado, os portugueses são dos que menos consideram que o líder do principal partido de extrema-direita - identificado como André Ventura, presidente do Chega - defende a saída do seu país da UE: 23% dos votantes de extrema-direita e 28% dos eleitores de outros partidos. Nos Países Baixos, por exemplo, essa percentagem é de 63% nos dois tipos de eleitores.

À pergunta se o líder do principal partido nacional pró-europeu quer abrir o país a migrantes e refugiados, Portugal lidera as respostas: 54% dos inquiridos consideram que, no caso, António Costa (PS), quer fazê-lo, enquanto 43% atribuem essa intenção à presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.

Portugal surge também em primeiro lugar quando se considera se a UE respondeu de forma positiva ou negativa à covid-19. A reacção da UE à pandemia foi positiva para 56% dos portugueses, contra 31% da média dos países inquiridos, enquanto 24% reprovaram a resposta em Portugal (35% na média europeia).

O país surge em segundo lugar, a seguir à Suécia, nas questões ambientais: 31% dos eleitores - acima da média de 25% - consideram que os governos europeus devem fazer tudo ao seu alcance para reduzir as emissões de carbono, mesmo que isso signifique um aumento dos custos da energia.

As migrações não estão no topo das prioridades dos portugueses: 49% declaram estar igualmente preocupados com a emigração e a imigração, enquanto 29% apenas se focam nos imigrantes. Números muito distantes do líder da tabela, os Países Baixos, onde 63% se afirmam preocupados com a imigração.