Os “sóis” da Repsol vão brilhar em Portugal: vem aí novo guia gastronómico
O mais abrangente e popular guia de Espanha avança para os restaurantes portugueses. Em 2025 já brilharão estes “sóis” em Portugal? “Esse é o caminho, estamos en ello!”, garante directora.
Com grande impacto e influência em Espanha, o guia gastronómico da Repsol vai ter também uma edição em Portugal, funcionando nos mesmos moldes e focado na valorização e reconhecimento de restaurantes com cozinha de qualidade e que sejam sobretudo recomendáveis para o consumidor. Os responsáveis não se comprometem para já com o próximo ano, mas não escondem esse objectivo: “Estamos a trabalhar nisso, mas não podemos ainda confirmar.”
O modelo é o mesmo que já conquistou grande popularidade em Espanha e funciona há 45 anos, privilegiando a grande proximidade à gastronomia e consumidores locais. “A classificação não pode decorrer apenas do cumprimento de uma lista específica de requisitos. O cliente não vai ao restaurante para analisar o tipo de talheres ou o tamanho das toalhas, vai para desfrutar e sair satisfeito e por isso é que a nossa avaliação resulta de uma apreciação global daquilo que pode conduzir à satisfação e ao prazer gastronómico”, explicou a directora do guia, Maria Ritter, aos jornalistas portugueses que acompanharam a cerimónia deste ano em Espanha, que decorreu poucos dias depois da primeira Gala Michelin em Portugal.
Em Cartagena, na região de Múrcia, a festa consagrou desta vez mais 98 restaurantes com a atribuição dos seus “sóis”, o símbolo de prestígio gastronómico e que é também a imagem da empresa petrolífera. O envolvimento com Portugal ficou sinalizado com a presença de três reconhecidos chefs portugueses, João Rodrigues, Vasco Coelho dos Santos e Rodrigo Castelo, que partilharam com os colegas espanhóis todo o programa de actividades.
Com grande abrangência e popularidade no país vizinho, o objectivo é que o modelo se repita em Portugal, parecendo as coisas já bem delineadas. “Temos um sistema já testado, que desenvolvemos em parceria com o Basque Culinary Center, que é eficaz em Espanha, pelo que o que é preciso é apenas montar uma réplica. O que recolhemos é uma experiência mais actualizada do comensal, não olhamos apenas para a sala, cozinha ou a carta de vinhos. Recolhemos também outros indicadores, vamos em busca daquilo que leva o cliente a concluir que é um bom sítio, que vai trazer prazer e alegria, que é aquilo que no fundo se procura na restauração. No fundo um lugar que seja recomendável”, descreve a directora.
Para isso o guia aposta na proximidade, não só com o objectivo de um rastreamento constante do território, mas também com foco em novas descobertas, no incentivo e na procura de novidades. À imagem do que acontece com a rede de 57 inspectores que o guia tem hoje espalhados pelo território espanhol, Maria Ritter adianta que também em Portugal isso não vai mudar, serão locais, gente da região e abrangendo todo o país.
É por isso que diz não gostar do termo inspectores, vendo-os mais como uma espécie de descobridores, gente do terreno que conhece as tradições, os produtos e os cozinheiros, frisando, no entanto, tratar-se sempre pessoas alheias aos interesses gastronómicos. “Temos o sistema testado em Espanha e sabemos que funciona”, conclui.
Mesmo não querendo garantir que no próximo ano haverá já um guia Repsol, a directora confirma que tudo está já a ser preparado, que o sistema está tratado e experimentado em Espanha e que, no fundo, não há assim grandes diferenças. “É uma coisa para a qual estamos preparados, o que se passa em Portugal não é muito diferente do que acontece em Espanha, há uma continuidade, não vamos para o Vietname”, ironiza, para deixar claro que as coisas estão mesmo prontas para avançar.
Quanto às classificações, vão de um aos três sóis, começando pelo restaurante com qualidade e serviço que se recomendaria a um amigo e onde apetece sempre voltar, até aqueles onde se destaca já o domínio da técnica e a procura pelas melhores matérias-primas, os dois sóis, enquanto no topo estão os três sóis, aqueles que justificam a viagem e representam uma experiência única, com garrafeira a condizer e onde tudo funciona de modo perfeito. Mais abrangente é a rede de restaurantes recomendados, aqueles onde os pratos e petiscos garantem uma clientela fiel e prometem, por isso, uma boa experiência
“O propósito é descobrir e aconselhar lugares que funcionem, que o cliente sinta que têm a ver com ele. O guia tem que ser ao mesmo tempo útil para o cliente, importante para a comunidade gastronómica ao reconhecer talento e criar protagonismo, tem que gerar dinâmica que seja boa para a economia”, sintetiza a directora.
Só não garante é que os sóis irão brilhar já no próximo ano nos restaurantes portugueses, mas remata: “Esse é o caminho, estamos en ello!”