Linha de Leixões voltará a receber passageiros até Dezembro
Protocolo entre IP, CP e Câmara de Matosinhos será assinado esta quinta-feira à tarde. Investimento de 3 milhões de euros, para ligar Campanhã a Leça do Balio, será dividido pelos três signatários.
Em Outubro do ano passado, Governo, CP e Câmara de Matosinhos não se quiseram comprometer com datas, mas deram a entender que os passageiros voltariam à Linha de Leixões. Quase meio ano depois, já não há dúvidas e o protocolo para a reactivação da linha encerrada desde 2011 será assinado esta quinta-feira à tarde pelas três partes. Até Dezembro, será possível viajar de comboio entre Campanhã, no Porto, e Leça do Balio, em Matosinhos.
A proposta foi levada esta quarta-feira a reunião do executivo camarário liderado por Luísa Salgueiro (PS) e foi aprovada com a abstenção do vereador independente António Parada. O protocolo será assinado às 17h desta quinta-feira, na estação de São Mamede Infesta, pela Infra-Estruturas de Portugal (IP), pela CP e Câmara de Matosinhos.
De acordo com o documento que foi aprovado, entre Campanhã e Leça do Balio existirão cinco paragens: Contumil, São Gemil, Hospital de São João, São Mamede de Infesta e Arroteia. O investimento rondará os 3 milhões de euros e será dividido em partes iguais pelos signatários do protocolo.
À CP caberá a responsabilidade de “promover a exploração do serviço de transporte ferroviário de passageiros na Linha de Leixões”. A IP vai construir as “plataformas de passageiros provisórias nos dois novos apeadeiros de Hospital de São João” e da Arroteia, incluindo “sinalética, abrigos, mobiliário urbano, iluminação, expositores para informação ao público e infra-estruturas para instalação de equipamentos de venda e validação”. E também fica responsável pela “beneficiação das plataformas de Contumil (alteamento das plataformas das linhas VIII e IX e a interface entre a Linha de Leixões com a Linhas I a IV) e de S. Gemil (construção de plataforma na linha I e alteamento da plataforma da linha II)”. A obra tem de estar concluída até Dezembro de 2024.
A Câmara de Matosinhos terá de garantir “as acessibilidades e as correspondentes condições de segurança às novas paragens de Hospital de São João e Arroteia” e de executar “os trabalhos de requalificação e beneficiação das acessibilidades às estações existentes — São Mamede de Infesta e Leça do Balio”, designadamente “nos modos activos”: “pedonal e ciclável, e de estacionamento, quando exequível”. A “manutenção e conservação dos espaços, interfaces e acessibilidades” também serão asseguradas pelo município.
Área com 1,4 milhões de pessoas
Ao longo do percurso da linha existem 1,4 milhões de pessoas que trabalham e vivem nas imediações. Em cada um dos sentidos, por agora, passará um comboio de hora em hora. O PÚBLICO avançava em Outubro que poderá, eventualmente, conseguir-se dobrar a oferta, mas essa hipótese ainda não é uma certeza.
As automotoras que circularão nesta linha são as que já existem. E serão aproveitados comboios suburbanos que vêm de Aveiro, mas que, em vez de inverterem a marcha em direcção a São Bento, seguem de Campanhã para Leça do Balio. A linha terá integração modal “com o Metro do Porto, Serviço Público de Transporte de Passageiros Rodoviário, através das redes STCP e UNIR, e futura rede BRT – Metrobus”.
Em 25 de Janeiro do ano passado, 13 empresas da Via Norte, que atravessa os concelhos do Porto, Matosinhos e Maia, por onde passa a linha, assinaram uma carta conjunta que apelava ao então ministro das Infra-Estruturas, João Galamba, que houvesse um investimento nesta ligação. Uma das mais-valias, escrevia-se nesse documento, passava pelo valor da obra, que ficaria por “menos de um quarto do custo de uma linha de metro equivalente”.
Em 2009, quando Ana Paula Vitorino era ministra dos Transportes, no Governo de Sócrates, chegou a ser inaugurado um serviço de passageiros da Linha de Leixões, entre Ermesinde e Leça do Balio, com dois comboios a passarem por hora, em cada um dos sentidos. Só que esta ligação nunca chegou a ter apeadeiros na Arroteia e no Hospital de São João, como tinha sido acordado inicialmente. A inexistência destas paragens, em pólos de elevado tráfego, acabou por determinar o fim do transporte de passageiros de Leixões, dois anos depois, em 2011.