Lucro dos CTT sobe 66% para 60,5 milhões de euros em 2023

O segmento Expresso e Encomendas foi, pela primeira vez, o negócio que mais contribuiu para as receitas no último trimestre, segundo as contas divulgadas esta terça-feira.

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Manuel Roberto
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O lucro dos CTT subiu 66,2% em 2023 para 60,5 milhões de euros, em termos homólogos, e o Expresso e Encomendas foi, pela primeira vez, o negócio que mais contribuiu para as receitas no último trimestre.

Em comunicado enviado hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), os CTT divulgaram um "resultado líquido consolidado atribuível a detentores de capital do grupo CTT de 60,5 milhões de euros, 24,1 milhões de euros" acima do período homólogo de 2022.

"A evolução do resultado líquido consolidado foi positivamente influenciada pelo crescimento do EBIT recorrente (+23,0 milhões de euros) e pela evolução favorável do imposto sobre o rendimento do período (-9,3 milhões de euros) e negativamente afectada pelo agravamento dos resultados financeiros (-6,8 milhões de euros) e pelos itens específicos (-1,4 milhões de euros)", lê-se no documento.

No período em análise, os rendimentos operacionais dos CTT subiram 8,7% (+78,6 milhões de euros) para 985,2 milhões de euros, "reflectindo o crescimento do Expresso e Encomendas (+81,6 milhões de euros; +31,5%), do Banco CTT (+21,8 milhões de euros; +17,3%) e dos serviços financeiros e retalho (+2,1 milhões de euros; +3,4%)", enquanto se registou uma diminuição de 5,8% (-26,8 milhões de euros) nos rendimentos do segmento correio e outros.

Pela "primeira vez na história dos CTT, no quarto trimestre de 2023 o Expresso e Encomendas foi o negócio que mais contribuiu para as receitas", adiantam os CTT.

O resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) subiu 17,5% para 151,9 milhões de euros.

Rendimentos do Banco CTT sobem 17%

Já os rendimentos operacionais do Banco CTT subiram 17,3% em 2023, face ao ano anterior, para 147,7 milhões de euros, impulsionado pelo desempenho positivo da margem financeira, divulgaram hoje os CTT.

"O crescimento dos rendimentos contou com a 'performance' positiva da margem financeira, que atingiu 98,8 milhões de euros em 2023 (+24,4 milhões de euros; +32,9% em termos homólogos)", referem os Correios de Portugal, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

"Os juros recebidos aumentaram 51,7 milhões de euros face a 2022, beneficiando da subida de taxas de juro e do crescimento de volume", prosseguem, adiantando os juros pagos aumentaram 27,3 milhões de euros face a 2022 "devido ao aumento das taxas de remuneração dos depósitos dos clientes e securitizações de crédito automóvel".

Já os juros recebidos do crédito automóvel ascenderam a 53,1 milhões de euros, uma subida de 17,7%, "beneficiando do crescimento da carteira líquida de imparidades de 860,3 milhões de euros (+13,2% face a dezembro de 2022) e de uma taxa de juro média de 6,2% durante o ano 2023, estável face a 2022", adiantam os CTT.

A produção de crédito automóvel situou-se em 270,3 milhões de euros, mais 3%.

Os juros recebidos de crédito à habitação ascenderam a 23,2 milhões de euros, mais que triplicando (314,8%), "tendo em conta que as taxas Euribor foram significativamente mais altas face ao período homólogo".

Os CTT referem ainda que "as taxas de referência do crédito habitação refletiram um forte crescimento em resultado da subida das taxas de juro diretoras definidas pelo Banco Central Europeu (BCE), devido ao aumento da inflação na zona euro".

A carteira de crédito ao consumo do cartão Universo gerou rendimentos de 20,9 milhões de euros no ano passado, menos 3,6% em termos homólogos, “com base numa carteira (ativos médios ponderados pelo risco) de 297,5 milhões de euros em 2023".

O fim da parceria em 31 de dezembro de 2023, "face ao contexto económico atual em particular de taxas juro e do custo do risco associado, permitirá melhorar o perfil de risco e fortalecer o balanço e solvabilidade do Banco CTT aumentando a sua flexibilidade".

As comissões recebidas desta área de negócio atingiram 46,2 milhões de euros, mais 1,6% homólogos, "na medida em que no actual contexto económico o foco tem estado no crescimento dos recursos, nomeadamente dos produtos de balanço", explicam os CTT.

Os depósitos de clientes (retalho) situaram-se em 3.091,0 milhões de euros em Dezembro (+37,7%), com um aumento de 174,4% dos depósitos remunerados e uma redução de 16,5% dos depósitos à ordem, face a Dezembro de 2022. O número de contas foi de 647 mil em 2023 (mais 45 mil do que em Dezembro de 2022).

"O rácio de transformação (consolidado) ascendeu a 51,0% no final de dezembro de 2023" e o custo do risco (consolidado e acumulado a dezembro de 2023) "situou-se em 1,3%, reduzindo 0,1 pontos percentuais face a dezembro 2022, influenciado por níveis maiores de risco nas carteiras de crédito ao consumo, em particular com o cartão Universo".

O fim da atividade relativa ao cartão Universo "irá reduzir o risco da carteira de crédito do Banco CTT", pelo que o banco "encontra-se bem posicionado para atingir os objetivos de 2025, divulgados em setembro 2023: atingir 700 mil a 750 mil contas abertas (face às 647 mil em 2023); crescer em recursos captados e em crédito concedido para um volume de negócio acima dos 7.000 milhões de euros (face aos 5,8 mil milhões de euros em 2023); e melhorar a rendibilidade, com resultados antes de impostos entre 25 a 30 milhões de euros (face aos 21,0 milhões de euros em 2023).

CTT vão propor pagamento de dividendo de 17 cêntimos por acção

A administração dos CTT vai propor em assembleia-geral o pagamento de um dividendo de 17 cêntimos por ação, o que representa um "rendimento de dividendos de 4,9% e um rácio de distribuição de 35%", foi hoje divulgado.

"A proposta está sujeita a um conjunto de condições, nomeadamente condições de mercado, situação financeira e patrimonial dos CTT, bem como termos e condições legais e regularmente aplicáveis", referem os CTT, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Os CTT anunciam também a "intenção do seu Conselho de Administração de propor à assembleia-geral anual de 2024, no âmbito do programa de recompra de ações iniciado em 2023 e que está a esta data a decorrer, o cancelamento de até 7.650.000 ações representativas de até 5,3% do capital social já adquirido, ou a serem adquiridas no âmbito do programa de recompra de ações, bem como reservas relacionadas".