Coimbra garante participação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova na Bienal Anozero
José Manuel Silva garante que o município está apostado em fazer crescer o evento, mas sublinha que a ocupação integral do mosteiro deixará de ser possível com a sua transformação em hotel.
O presidente da Câmara de Coimbra assegurou esta segunda-feira que o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova vai continuar a participar na bienal de arte contemporânea Anozero e que o município está apostado em fazer crescer o evento.
A edição de 2024 da bienal de arte contemporânea de Coimbra vai arrancar a 6 de Abril, mas a organização teme que esta possa ser a última edição, face à possível transformação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova num hotel, no âmbito do programa Revive.
Em resposta à vereadora socialista Rosa Cruz, que questionou o executivo sobre a continuidade da bienal naquele local, o presidente da Câmara, José Manuel Silva, disse que "todos os candidatos [ao concurso] se comprometeram a cumprir a conjugação [da requalificação] com a bienal".
"Ocupar todo o Mosteiro como acontece actualmente é que será incomportável com a sua transformação em hotel", sublinhou.
No entanto, o autarca referiu que recentemente visitou a bienal de arte de Malta que decorre em 18 edifícios e "não estava em nenhum edifício em ruínas".
"Não podemos deixar cair o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova apenas para termos uma bienal de arte contemporânea a ser realizada numa ruína barroca", frisou o presidente da Câmara de Coimbra.
José Manuel Silva realçou ainda que a bienal já ocupa diversos espaços na cidade.
A iniciativa é organizada pelo Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), que defende a sua continuidade unicamente naquele espaço, em conjunto com a Câmara de Coimbra e a Universidade de Coimbra.
O autarca garantiu que a bienal de arte contemporânea será sempre uma aposta do executivo, do CAPC e da Universidade de Coimbra, que continuam interessados "em fazer crescer" o evento.
Na sessão desta segunda-feira do executivo, a Câmara aprovou, por unanimidade, a atribuição de um apoio de 240 mil euros para a realização da edição deste ano, que tem início a 6 de Abril e termina a 30 de Junho.
A transformação do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, epicentro da bienal, num hotel de cinco estrelas, ao abrigo do programa Revive, poderá pôr em causa a continuidade da Anozero, disse em Dezembro à agência Lusa o director do CAPC, Carlos Antunes.
"Os termos definidos no caderno de encargos não servem à bienal e, sem haver uma alternativa evidente, significa que pode não existir mais a bienal. Se o hotel vingar e não houver uma alternativa, esta pode ser a última bienal", vincou.
Para o PS, "a realização da Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova é uma oportunidade única de celebrar a arte, a cultura e a história, promovendo a interacção entre diferentes formas de expressão artística e valorizando o património histórico e cultural de Coimbra".
Mais de 800 artistas assinaram um manifesto que defende a continuidade da Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra Anozero no Mosteiro de Santa Clara-a-Nova.
Os subscritores consideram que "se for quebrada a ligação (...) perder-se-á a identidade que deu lugar ao entendimento do conceito de Bienal, da cidade de Coimbra e do Mosteiro como uma engrenagem que movimenta as dinâmicas vivas das práticas artísticas contemporâneas num tempo e num espaço específicos".